Portugal regressa pela primeira vez a casa sem medalhas de ouro

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As bandeiras dos 164 países participantes formaram um coração no centro do estádio Foto: Toby Melville/Reuters

E, no derradeiro dia dos Jogos Paralímpicos, estalou a controvérsia no interior da missão portuguesa. Jorge Pina, um dos portugueses em prova na categoria T12 da maratona, queixou-se no final da prova (em que foi desclassificado) de atraso no pagamento das bolsas: “Sentimo-nos abandonados. Cheguei mais tarde e ninguém esteve cá para me receber. Isto é o nosso campeonato, não é o campeonato dos dirigentes, que muitas vezes nem nos perguntam como estamos”. “Este campeonato é para quem? É para virmos competir ou para virmos passear? Fui acusado de vir cá desestabilizar e não para competir”, acrescentou.

As declarações do atleta português tiveram pronta resposta do chefe da missão, Carlos Lopes: “Mais importante do que o que Jorge Pina diz, são os seus comportamentos na Aldeia e em todos os espaços envolventes, que serão analisados em Lisboa e que poderão ter consequências”, vincou o responsável e ex-atleta paralímpico. “Jorge Pina chegou algo tenso a Londres, por aspectos que têm a ver com a sua preparação e que nada têm a ver com a organização da missão, mas teve o mesmo apoio que todos os outros atletas”, reforçou Carlos Lopes, garantindo que não recebeu qualquer manifestação de desagrado dos atletas.

Tendo levado a Londres uma comitiva de 30 atletas, Portugal regressa a casa com três medalhas: uma de prata e duas de bronze. Pela primeira vez, não houve medalhas de ouro para os atletas paralímpicos nacionais, naquela que foi a prestação menos medalhada de sempre. Há quatro anos, em Pequim, Portugal tinha conquistado sete medalhas.

“Os resultados dos Jogos de Londres não são, para mim, surpreendentes. Se alguém esperava um nível elevado de medalhas, esse alguém não era eu”, apontou o chefe da missão portuguesa. No entanto, Carlos Lopes não deixou de fazer um balanço positivo da participação portuguesa: “Três medalhas é dignificante, tivemos 19 atletas a ficarem nos oito primeiros, numa comitiva de 30”, disse o responsável, lembrando o “crescente aumento do nível de exigência e do nível competitivo desde os Jogos de Sidney 2000”.

Recorde chinês de ouros

Em termos totais, a China dominou o medalheiro pela terceira edição consecutiva dos Paralímpicos, com 231 medalhas. Os atletas chineses obtiveram um número recorde de medalhas de ouro (95), melhorando a prestação que tinham obtido há quatro anos em Pequim (89). O número de ouros obtido pela China em Londres foi o melhor desde 1984, quando os Jogos foram divididos entre Nova Iorque e Stoke Mandeville: nesse ano, os EUA somaram 137 ouros (o registo mais elevado de sempre) e a Grã-Bretanha chegou aos 107.

Os Jogos de Londres despediram-se com a cerimónia de encerramento, que contou com 1300 voluntários. Intitulada “Festival da Chama”, numa alusão ao símbolo dos Jogos, teve nos Coldplay as grandes estrelas. A banda britânica tocou alguns dos seus maiores sucessos. O hino “God Save the Queen” foi interpretado pela soprano Lissa Hermans, invisual e autista. com Lusa

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