Facebook: beldades universitárias expõem-se para facilitar ligações amorosas

Já há várias universidades com páginas de beldades no Facebook. A Universidade do Porto é a mais concorrida

Foto
Página da UP, criada em 2012, já tem mais de sete mil likes Beldades UP

Alunas do ensino superior aderem aos grupos do Facebook de Beldades das Universidades e estão a expor-se através de fotografias naquela rede social, um fenómeno que pode facilitar ligações amorosas e aumentar o sentimento de pertença à comunidade estudantil, defendem especialistas.

“Apenas queremos realçar a beleza e o valor das mulheres desta universidade. Se alguém se sentir lesado pelo conteúdo desta página pode usar o email para entrar em contacto connosco para podermos retirar o conteúdo”, avisam os criadores destas páginas de beldades.

A página Beldades da Universidade do Porto (UP), fundada em 2012, conta já com perto de sete mil “Gostos” - a primeira no ranking nacional no número de “Likes” - e informa que o objectivo da página é dar a “conhecer o que de mais belo se vê no Ensino Superior do Porto”.

O criador da Beldades da UP, que pede à Lusa anonimato por este tipo de iniciativa ser “alvo de algum preconceito”, conta que o projecto visa promover a beleza feminina “num todo” e não na “barata exposição do corpo”. O criador assegura que a ideia surgiu numa “simples brincadeira de amigos”, “pegou” e que agora é “a página líder em Portugal a nível de Beldades”.

Objectivo: sair da vida virtual para a real

“O nosso objetivo não é, como temos sido atacados várias vezes, mostrar gente seminua como se fosse uma revista masculina. É uma página para todos, onde toda a gente pode participar e contribuir”, conta, sublinhando que outro dos propósitos é “aproximar a página aos seguidores. No fundo sair da vida virtual para a realidade”.

Beldades da Universidade da Beira Interior (UBI)” foi também criado este ano, a 10 de Maio, conta com 1.500 “Gostos” e tal como no Beldades da UP, o objectivo é dar a conhecer as “mulheres mais bonitas da UBI, “sem qualquer tipo de ataque à sua imagem”. A página Beldades da Universidade do Algarve tem 2.586 “Gostos”, o grupo Beldades da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro tem 630 “Gostos”, o Beldades da Universidade de Lisboa tem 175 “Likes”.

Há também “Beldades Masculinas da UP”, mas com um número menor de “Gostos” e de comentários, porque “a página foi criada há poucos dias, explica o criador do projecto. José Morgado, professor do Instituto de Psicologia Aplicada, defende que o fenómeno das universitárias se exporem nas redes sociais se explica pelo “aumento de sentimento psicológico de pertença a uma instituição”, alimentando a ideia de estar integrada numa comunidade ou de uma “tribo” e que, neste caso, é o pertencer ao grupo das mais formosas.

"Proporcionar ligações amorosas"

O lado da exposição e da adrenalina sentida ao exibir-se no Facebook é outra explicação para a explosão das adesões das alunas grupo das beldades das instituições académicas. Nelson Zagalo, professor de Comunicação na Universidade do Minho, adianta, por outro lado, que na origem das networks está a intenção de “proporcionar as ligações amorosas e os acasalamentos”, e recorda que o Facebook nasce para gerar namoro e contacto imediato.

Para aquele especialista, o fenómeno das “Beldades” é uma espécie de filtro do “top 10 das mulheres que interessam mais”. “É um top de cromos para depois contactar rapidamente”, justifica Nelson Zagalo salientando, por outro lado, que os jovens têm necessidade de chamar a atenção sobre si e que o Facebook é “uma montra” e uma “forma de ganhar estatuto”.

Na pesquisa não foram encontradas “Beldades” nem na Universidade de Coimbra, nem dos Açores ou da Madeira. A Lusa tentou obter um comentário do presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) sobre este fenómeno social, mas a assessora de imprensa do CRUP disse que António Rendas não “ia falar do assunto”, por não “dizer respeito às universidades”.

O Facebook, lançado a 4 de Fevereiro de 2004 e hoje cotado no Nasdaq (índice das acções das companhias do sector electrónico), foi fundado num quarto da Universidade de Harvard pelo aluno Mark Zuckerberg, que terá levado uma “tampa” de uma rapariga e invadiu o sistema das diversas casas da universidade para reunir fotos de todas as alunas e criar um site no qual os homens poderiam escolher a universitária mais bonita.

Sugerir correcção
Comentar