Desenho Ibérico: Mobiliário desenhado pelas mãos de arquitectos

Empresa vai expor peças suas desenhadas por arquitectos como Eduardo Souto de Moura, Álvaro Siza Vieira e Carlos Ferrater na maior feira internacional de design mobiliário, na China

Paulo Maia salienta que Portugal tem uma grande tradição no mundo da arquitectura DR
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Paulo Maia salienta que Portugal tem uma grande tradição no mundo da arquitectura DR
Mesa Onefive, desenhado por Eduardo Souto de Moura DR
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Mesa Onefive, desenhado por Eduardo Souto de Moura DR

Criada para satisfazer as necessidades ao nível do mobiliário e de soluções construtivas, a Desenho Ibérico vai estar presente na 18.ª China International Furniture Expo, a maior feira de design mobiliário do mundo. O objectivo é apresentar a combinação entre o design português e o design espanhol, e entre a tradição e o moderno, patente nas peças da empresa criadas por arquitectos como Souto de Moura ou Francisco Mangado.

E foi com Francisco Mangado que se começou a desenhar a empresa, em 2008. "A Desenho Ibérico surgiu a propósito da Expo Saragoça", conta Paulo Maia, arquitecto e porta-voz da empresa. "Francisco Mangado desenhou o pavilhão de Espanha e desenhou, também, uma série de peças de merchandising e sentiu aquela necessidade de tornar este conceito mais comercial", explica o responsável ao P3.

Com frequência, os arquitectos criam soluções que são utilizadas apenas uma vez, numa obra, ou que nem sequer saem do papel. Assim, a Desenho Ibérico nasceu pelas mãos de arquitectos portugueses e espanhóis, propondo-se a produzir e comercializar esse mobiliário de autor e, também, soluções construtivas, como madeiras, iluminação e fibras. E como "Portugal tem uma tradição de arquitectura bastante grande e tem alguns nomes de referência e dois Pritzkers", acrescenta Paulo Maia, "fazia sentido que houvesse uma projecção desses nomes e de outros que vão surgindo".

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Cadeira C2, de Álvaro Siza Vieira DR

Hoje, a empresa tem, por exemplo, uma mesa com os traços de Eduardo Souto de Moura, uma cadeira idealizada por Álvaro Siza Vieira, um porta-rolos desenhado por João Álvaro Rocha e uma Joalheiro BOX feita com as linhas de Bernardo Távora.

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Joalheiro BOX, desenhada por Bernardo Távora DR

De entre os arquitectos que emprestam a criatividade à Desenho Ibérico, o profissional com quem Paulo Maia tem mais prazer em trabalhar é Souto de Moura. "Gosto da simplicidade do seu discurso, da forma como organiza as ideias, da frontalidade com que as comunica", revela o responsável. "É uma pessoa extremamente acessível e com quem se consegue discutir ideias de uma forma inteligente e interessante", conclui.

A combinação do tradicional e do moderno no design ibérico

E numa empresa que reúne o design português e o design espanhol, também a tradição e a inovação são combinadas. Com a investigação a ser uma das suas vertentes, a Desenho Ibérico está, actualmente, a trabalhar no campo dos plásticos e das fibras para criar peças com mais durabilidade. "É um processo mais elaborado que exige alta tecnologia", afirma Paulo Maia.

Mas essa tecnologia também é aplicada ao tradicional. "Portugal tem uma tradição nas madeiras e no desenho de mobiliário. A maior parte das nossas peças desenvolve-se a partir do princípio de tentar trabalhar madeiras novas, através da utilização de técnicas de construção antigas que estão a cair em desuso e, ao mesmo tempo, aliadas às novas tecnologias".

Lamentando o facto de as escolas de design em Portugal não apostarem no ensino de técnicas de construção antigas, Paulo Maia acredita que estas estão a desaparecer das páginas da história portuguesa. Por isso, admite que a relação entre o tradicional e o moderno nem sempre é simples. "Hoje, os bons profissionais que trabalham as madeiras de uma forma tradicional são raros", afirma, acrescentando, no entanto, que "alguns dos arquitectos com os quais trabalhamos têm um conhecimento bastante elevado e acabam por saber muito bem estes processos de fabrico".

O tradicional e o novo estão separados por gerações e essa diferença está patente nas peças da Desenho Ibérico, com os "arquitectos mais antigos a produzirem peças com técnicas mais ancestrais, e com os mais recentes a utilizar mais a tecnologia actual", refere Paulo Maia.

Desenho Ibérico na Furniture China 2012

O desenho português, o desenho espanhol, o tradicional e o moderno vão caber numa mala e viajar com a Desenho Ibérico até à China, para se apresentar na 18ª China International Furniture Expo, em Xangai.

Esta é uma viagem de descoberta, não só para os asiáticos, que ficam a conhecer o design dos aquitectos da Península Ibérica, mas também para a Desenho Ibérico. "Para já, a única coisa que sabemos é que é a maior feira do mundo e que existe, por parte dos coreanos e dos japoneses, um interesse grande por aquilo que se faz em Portugal em termos de arquitectura", revela Paulo Maia.

A 18ª edição da China Internacional Furniture Expo realiza-se entre os dias 11 e 15 de Setembro, e o porta-voz da empresa confessa que a Desenho Ibérico vai aproveitar o facto do prémio Pritzker 2012, e sucessor de Eduardo Souto Moura, ser o chinês Wang Shu. "Mas, no fundo, não temos expectativas", remata.

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