Humanae, um catálogo Pantone de tons de pele

Angélica Dass quer criar um catálogo de cores de pele humanas. Já fotografou mais de 150 diferentes para o projecto Humanae

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Humanae é um inventário cromático pensado pela brasileira Angélica Dass, que quer com este projecto gerar uma reflexão “sobre as cores além das fronteiras dos nossos códigos”.

Desde Abril que se dedica a fotografar pessoas para a espécie de catálogo de cores de pele que é Humanae. “Comecei por fotografar os meus familiares para uma árvore genealógica que retratasse as nossas cores. Logo passei para os meus círculos de amizade e percebi que seria muito interessante expandir o trabalho, incluindo outras pessoas”, diz em entrevista à BBC Brasil.

Usando como referência o sistema de cores Pantone, Angélica, de 32 anos, realiza os retratos, “cujo fundo é tingido no tom exacto extraído de uma amostra de 11x11 pixels do próprio rosto das pessoas retratadas”. Por baixo da fotografia de cada pessoa aparece o código alfanumérico que permite recriar, com precisão, qualquer cor em qualquer suporte.

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Nascida no Rio de Janeiro há 32 anos, Angélica Dass vive há vários em Espanha

“O objectivo final é registar e catalogar, através de uma medição científica, todos os possíveis tons de pele humana”, pode ler-se no Tumblr que aloja todos os retratos.

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A sua experiência como designer de moda ajudou no que diz respeito ao código de cores Pantone. “Esta codificação técnica rigorosa, apelidada de ‘cor real’, permite-me brincar com os códigos normais para as nossas cores, diferenças e semelhanças, e levá-los ao extremo que é a realidade. A Realidade e a Humanidade fazem o resto.”

Mais de 150 tons de pele diferentes

As pessoas que fazem parte do projecto foram, maioritariamente, fotografadas em dois festivais de arte em Espanha, onde Angélica está radicada há já vários anos: o Rojo Nova, em Barcelona, e o De las Artes, em Madrid. Não são modelos e foram elas a tomar a iniciativa de se aproximarem para serem fotografadas.

Angélica é “neta de um negro e de uma nativa brasileira” e “filha de pai negro adoptado por uma família branca”, raízes pessoais que a inspiraram para este “exercício pessoal de experimentação”. O facto de viver em Espanha e de ter experiência como “diferente” também contribuiu para o interesse em catalogar tons de pele.

Publicados estão mais de 150 retratos, com pessoas de mais de dez nacionalidades, mas o objectivo da designer brasileira é “fotografar por todo o mundo”. “Em Espanha não há muita diversidade de cores e essa é a razão por que procuro apoio para tirar mais fotografias para o Humanae, em diferentes contextos, países e cidades”, explica a brasileira nascida do Rio de Janeiro.

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