Epidemia do vírus Ebola mata 14 pessoas no Uganda

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A doença foi reconhecida pela primeira vez em 1976 na actual República Democrática do Congo Foto: Alexandra Lesieur/AFP

O ministro da Saúde do Uganda notificou a Organização Mundial de Saúde (OMS) para uma epidemia do vírus Ebola no país e que já matou pelo menos 14 pessoas. De acordo com a informação disponibilizada pela OMS no seu site, já foram confirmados 20 casos de infecção por este vírus que causa febre hemorrágica, e foram contabilizadas 14 mortes, mas ainda não foram todas laboratorialmente confirmadas.

Por agora a presença do vírus parece estar confinada a uma zona próxima de Kampala, capital do país, tendo aparentemente o primeiro caso surgido na vila de Nyanswiga, onde morreram nove pessoas na mesma casa.

De momento estão pelo menos duas pessoas hospitalizadas, em situação considerada estável. As duas mulheres deram entrada no hospital com febre, vómitos, diarreia e dores abdominais. Ambas tinham auxiliado algumas das vítimas mortais, mas até agora nenhuma apresentou hemorragias – um dos sintomas característicos da infecção por Ebola.

Conhecidas cinco estirpes, mas não há vacina

A febre hemorrágica Ebola é fatal nos humanos e primatas e foi reconhecida pela primeira vez em 1976 na actual República Democrática do Congo, tendo recebido este nome por causa do rio Ebola, um afluente do rio Congo. Conhecem-se, até agora, cinco estirpes distintas deste vírus, sendo que algumas são muito mais agressivas. O vírus dissolve literalmente os órgãos internos dos doentes, que perdem sangue pelos olhos e ouvidos e acabam, em geral, por morrer de choque ou paragem cardíaca.

O Ministério da Saúde do Uganda está a ultimar um plano de controlo do vírus e criou um grupo específico para acompanhar o desenvolvimento da epidemia. As zonas vizinhas foram alertadas para o risco e estão a ser vigiadas. O hospital de Kampala também tem uma zona especialmente isolada para os casos suspeitos que acorram à unidade de saúde. No terreno estão já peritos da OMS e do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Contudo, por agora, a Organização Mundial de Saúde não recomenda qualquer restrição nas viagens para o Uganda.

O Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, assegurou que “o Ministério da Saúde está a procurar todas as pessoas que tenham tido contacto com as vítimas”. Num discurso transmitido pela televisão e rádio locais, o governante confirmou a morte de pelo menos 14 pessoas no espaço de três semanas – altura em que foi identificada a nova epidemia. E apelou a que os cidadãos evitem simples cumprimentos como um aperto de mão e situações de sexo ocasional para conseguir travar o avanço da doença. Dados citados pelo diário espanhol El Mundo indicam que duas epidemias de Ebola no Uganda em 2000 e 2007 fizeram mais de 200 mortos.

Escolas fechadas

“No caso de alguém morrer e suspeitar-se que tinha Ebola por favor não assumam a função de o ou a enterrar, e chamem os profissionais de saúde que estão preparados para o fazer de forma segura”, apelou Museveni, citado pela Reuters, alertando que a transmissão do vírus ocorre mesmo após a morte. As autoridades de Kampala, por precaução, mandaram fechar as escolas locais e cancelaram eventos públicos que juntassem muitas pessoas.

Esta é uma das doenças mais virulentas de todo o mundo, já que entre 50% a 90% dos casos é mortal. Normalmente o contágio entre pessoas acontece quando alguém tem contacto com os fluidos corporais de alguém infectado. O período de incubação da doença varia de dois a 21 dias, com sintomas iniciais de mal-estar generalizado, fadiga, dores de cabeça e costas, náuseas, vómitos, diarreia, artrite e irritação na garganta. Mais tarde surgem hemorragias intestinais, pela boca e olhos, edemas genitais, erupções cutâneas e convulsões. Os doentes costumam por isso ter delírios e entrar em coma, acabando por morrer com uma falência orgânica.

A origem, local e habitat natural do vírus permanecem desconhecidos embora se saiba que pertence à família dos filovírus. No entanto, com base em informação existente e na natureza de vírus parecidos, os investigadores acreditam que é transportado nos animais e que a primeira vítima contrai a doença devido ao contacto directo com um animal portador do Ebola. A partir deste primeiro contágio o vírus pode ser transmitido de diferentes maneiras. As pessoas podem ficar expostas através do contacto directo com fluidos de indivíduos infectados ou ainda através do contacto com objectos, como seringas contaminadas. Não existe até agora qualquer vacina ou tratamento eficaz.

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