Ministra da Agricultura diz que viticultores sem seguro não vão ter apoio

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Assunção Cristas diz que não pode beneficiar quem não fez seguro das vinhas Foto: Pedro Cunha

A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, disse ontem que os agricultores da região do Douro que ficaram com a produção de vinha destruída pela queda de granizo na quarta-feira, só terão apoio se tiverem seguro.

"Não se pode beneficiar quem não teve o cuidado de fazer os seguros”, disse a ministra responsável pelas pastas da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, em entrevista à TVI, ontem à noite. A governante confirmou que a intempérie danificou “500 a 700 hectares” de vinha, segundo a análise feita pela Direcção Regional de Agricultura e Pesca do Norte.

Assunção Cristas disse ainda que a região tem “seguro de colheita colectivo”, pelo qual estão abrangidos cerca de 50% dos agricultores. “Outros não estão porque não quiseram aderir a ele”, afirmou.

A ministra acrescentou que o Governo está a “rever todo o mecanismo dos seguros, para os tornar mais atractivos e mais baratos”. E sublinhou: "Sabemos que é difícil na actual conjuntura contrair seguros mas isto são situações que já vêm de trás, já há seis anos ocorreu esta situação”.

A prioridade do Governo é agora “ajudar as pessoas a manterem as usa plantas”. Além disso, Assunção Cristas anunciou que já deu indicações ao presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto no sentido de beneficiar as pessoas que queiram transformar o seu vinho em vinho do Porto.

“Não queremos dar uma sinalização contrária aquele que é o caminho que Governo pretende que seja prosseguido, que é tentar o mais possível criar massa crítica para que mais gente faça seguros e quando vierem estas situações possam ter a situação coberta”, frisou.

Além das vinhas, o mau tempo que assolou as regiões Norte e Centro na quarta-feira à tarde destruiu hortas, árvores de fruto e olivais. Os concelhos de Sabrosa (Vila Real) e de São João da Pesqueira (Viseu), ambos inseridos na região demarcada do Douro, foram os mais afectados, sobretudo pela queda de granizo.

Em reacção às declarações da ministra da Agricultura, o presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques, diz nem querer acreditar que os agricultores sem seguro não possam receber apoios. "Acho que esta situação deve ser avaliada no terreno, junto dos vitivinicultores que perderam tudo e que não tinham condição financeira para efectuar o seguro. Não é não quererem aderir ao seguro colectivo, é que muitos não têm condição financeira", sublinha, em declarações à rádio TSF.

As famílias foram "fortemente atingidas" e "há uma necessidade urgente" de apoiar estes agricultores, cuja subsistência está em causa, defende o autarca. José Marques considera que´o Governo não pode continuar a beneficiar "quem tem condição financeira para aderir aos seguros colectivos e tem as melhores condições para sobreviver a este drama".

O presidente da Casa do Douro, Manuel António Santos, contesta também os argumentos utilizados pela ministra. "Não é verdade que os viticultores optaram e não quiseram. O problema não está aí", afirma, ouvido pela TSF. Este responsável explica que "o seguro de colheitas tem regras muito próprias: é preciso que em cada organização, 50% mais um dos viticultores adiram ao seguro de colheitas. Se começaram a cortar parte dos viticultores do Douro, que são 40 mil, houve organizações que ficaram impossibilitadas de fazer seguro colectivo".

Manuel António Santos afirma que muitos agricultores também não têm seguros individuais e lamenta que não tenham ainda sido estudados mecanismos de seguros de colheita adaptados às actuais condições económicas.

Notícia actualizada às 13h30:

acrescenta reacção do autarca de Sabrosa e do presidente da Casa do Douro

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