Super-ricos “escondem” mais de 17 biliões de euros em paraísos fiscais

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O valor é equivalente ao tamanho das economias dos EUA e do Japão juntas Yuriko Nakao/Reuters

Há um “enorme buraco negro” na economia mundial: as fortunas privadas mantidas em paraísos fiscais. Até agora não se sabia quantificar o tamanho desse “buraco”. Mas neste domingo foi divulgado um estudo que revela que a elite internacional de “super-ricos” preserva em paraísos fiscais pelo menos 21 biliões de dólares (17,3 biliões de euros).

Um bilião são mil vezes mil milhões (os anglo-saxónicos, que saltam a designação “mil milhões”, chamam trilião ao que os portugueses contam como bilião). O resgate financeiro da troika a Portugal fica muito aquém desse valor: é de 78 mil milhões de euros.

O estudo foi feito pelo norte-americano James Henry, para a Tax Justice Network, organização com sede em Londres que tem por objectivo combater os paraísos fiscais. O valor a que o economista chegou – 21 biliões de dólares – foi encontrado com recurso a dados do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional, do Banco de Compensações Internacionais e dos governos nacionais.

Os dados coligidos dizem apenas respeito a património financeiro depositado em contas bancárias e de investimento, até ao final de 2010, deixando de fora activos como propriedades móveis e imóveis. De resto, o economista diz que a estimativa de 21 biliões de dólares é conservadora e que esse valor pode ascender aos 32 biliões de dólares (26,3 biliões de euros).

Ainda assim, o cálculo mais “conservador” presente no estudo “The Price of Offshore Revisited”, como o classifica James Henry, resulta num valor equivalente ao tamanho das economias dos Estados Unidos e do Japão juntas. “A perda de receitas fiscais é enorme, de acordo com as nossas estimativas. É grande o suficiente para fazer uma diferença significativa para as finanças de muitos países”, afirmou o economista, citado pela BBC.

O antigo economista-chefe da McKinsey, empresa norte-americana de consultadoria financeira, sublinha no entanto que “este estudo são muito boas notícias”. “O mundo acaba de localizar uma grande quantidade de riqueza financeira que pode ser convocada para contribuir para a solução dos problemas globais mais prementes”, sugere James Henry.

O estudo revela ainda que, desde a década de 1970 e até ao final de 2010, os cidadãos mais ricos de 139 países em vias de desenvolvimento acumularam em paraísos fiscais entre 7,3 e 9,3 biliões de dólares (entre 6 e 7,7 biliões de euros) em “riqueza não registada”, assim fugindo aos impostos nos seus países de origem.

O UBS, o Credit Suisse e o Goldman Sachs são os três bancos privados que gerem mais activos em offshores, em todo o mundo, ainda de acordo com o mesmo estudo.

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