Cavendish completou assalto britânico ao Tour na consagração de Wiggins

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Wiggins confirmou-se como o primeiro britânico a conquistar o Tour Gonzalo Fuentes/Reuters

Lance Armstrong provou em 1999 que nunca é tarde para iniciar uma carreira vitoriosa no Tour. A poucas semanas de completar 30 anos, alcançou o primeiro de sete triunfos consecutivos no maior evento do ciclismo mundial. Bradley Wiggins precisou de mais dois e chegou ao topo com um ano a menos do que Eddy Merckx, sua grande referência, quando abandonou a carreira, com cinco triunfos na prova francesa. Ontem, tornou-se no primeiro britânico a chegar com a camisola amarela a Paris em 99 edições.

Apesar da nacionalidade inglesa, as raízes de Wiggins estão na Bélgica, terra de ciclistas campeões. Aqui nasceu, na cidade de Gent, a 28 de Março de 1980, a menos de 90km da localidade natal de Merckx. Filho de um antigo ciclista australiano (Gary Wiggins), mudou-se muito cedo para Londres, começando a competir em duas rodas com 12 anos. Os grandes sucessos da sua carreira foram, até ontem, obtidos nos Jogos Olímpicos, onde conquistou cinco medalhas, três das quais de ouro. Especialista no contra-relógio, começou a dar nas vistas no Tour de 2009, quando terminou em quarto lugar, naquela que foi, até ontem, a melhor classificação inglesa na mítica corrida.

Seguiram-se dois anos de desalento e infelicidade. Em 2010, já na equipa Sky, desiludiu profundamente ao terminar numa modesta 24.ª posição e, no ano passado, voltou a ser candidato ao título, mas foi obrigado a desistir. Uma queda provocou-lhe uma fractura numa clavícula, quando seguia na sexta posição (após seis etapas), a dez segundos do líder Thor Hushovd, impossibilitando a sua continuidade em prova. Desalentado, despediu-se.

Mas regressou para a temporada de 2012 mais determinado do que nunca. Depois de vencer a Paris-Nice, o Critério Dauphiné e a Volta à Romândia, tornando-se no primeiro ciclista a conquistar estas três provas no mesmo ano, surgiu, mais do que nunca, como um dos grandes candidatos à Volta à França. Desta vez não desiludiu ninguém, em particular os britânicos, que ontem encheram de bandeiras da "Union Jack" (bandeira do Reino Unido) os 120km da etapa da consagração. Não era para menos, o país entrou no restrito clube de honra do Tour, agora com 14 membros.

Uma contabilidade largamente liderada pela própria França, com 36 triunfos, mas a braços com um preocupante jejum que dura já há 27 anos, desde a última vitória de Bernard Hinault (um dos quatro pentacampeões desta prova). Segue-se a Bélgica, com 18 vitórias, com o lendário Eddy Merckx à cabeça. A Espanha, com 12 títulos, completa o pódio. EUA (10), Itália (9), Luxemburgo (5), Holanda (2), Suíça (2), Austrália (1), Dinamarca (1), Alemanha (1) e Irlanda (1) são os restantes.

E esta inédita "invasão" inglesa não se ficou pela vitória de Wiggins, já que o segundo lugar do seu companheiro Christopher Froome (a 3m21s do vencedor) possibilitou aos britânicos uma "dobradinha" a que já não se assistia há 28 anos, desde o sucesso da dupla francesa Laurent Fignon e Bernard Hinault (1984). Com sete vitórias nas 20 etapas deste ano, os ciclistas britânicos tiveram ainda no sprinter Mark Cavendish outro dos heróis deste Tour, com mais três triunfos (soma 23), um dos quais ontem, nos Campos Elíseos, onde bateu toda a concorrência, pelo quarto ano consecutivo.

O português Rui Costa alcançou a sua melhor participação no Tour, em quatro presenças, terminando no 18º lugar. Uma temporada que está a correr bem para o jovem ciclista, de 25 anos, nascido na Póvoa do Varzim, que ganhou em 2012 a Volta à Suiça, depois de liderar a corrida desde a segunda etapa. Já Sérgio Paulinho, encerrou a aventura francesa na 50ª posição da geral.

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