Um ano em crise pela objectiva de 12 fotógrafos

Doze fotógrafos juntaram-se para retratar o ano de 2012 em Portugal. O projecto 12.12.12 vai dar origem a uma exposição. E um livro com textos de 12 personalidades

O fotojornalista da Visão José Carlos Carvalho foi um dos mentores da ideia José Carlos Carvalho
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O fotojornalista da Visão José Carlos Carvalho foi um dos mentores da ideia José Carlos Carvalho
Adriana Morais é a mais jovem do grupo de doze fotógrafos e trabalha como freelancer Adriana Morais
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Adriana Morais é a mais jovem do grupo de doze fotógrafos e trabalha como freelancer Adriana Morais

Quando o presidente do júri do prémio de fotojornalismo Estação Imagem Mora, Emilio Morenatti, disse, em Abril deste ano, que sentiu falta de trabalhos sobre a crise no concurso, José Carlos Carvalho, fotojornalista da Visão, não estranhou a avaliação. Ele tinha chegado a essa conclusão, meses antes, em conversa com o colega Nuno Fox.

“Chegamos à conclusão que durante o ano 2011 não tínhamos feito nada que ilustrasse a crise”, contou ao P3 José Carlos Carvalho. Estávamos em Dezembro de 2011 e estava dado o mote para uma ideia que viria a dar origem a um projecto que anda a percorrer todo o país, ilhas incluídas, desde o início do ano: o 12.12.12.

Decidiram que queriam fazer uma coisa “a sério”. Fizeram uma lista de pessoas, de diferentes locais do país e de diferentes idades, mas com uma paixão em comum: a fotografia. Não só fotojornalistas – apesar de estarem em maioria -, mas também fotógrafos documentais.

Aos dois mentores juntaram-se Adriana Morais, Adriano Miranda, Duarte Sá, José António Rodrigues, José Manuel Ribeiro, Lara Jacinto, Nuno Veiga, Ricardo Meireles, Rodrigo Cabrita e Vasco Célio. São 12 – tal como 12 são os meses do ano que vão retratar.

Trabalhos de autor

Mais do que fotografar a crise, estão a retratar o ano – pode ser a mudança que a crise impõe, podem ser acontecimentos que marquem o ano, rostos de quem enche os números do desemprego, casas que acolhem gene sem esperança, a luta de quem insiste em não desistir. São “trabalhos de autor” - doze visões diferentes, doze conceitos distintos -, que vão continuar a ser feitos até ao fim do ano. E que já é possível espreitar.  

Retratar a crise não é fácil – “não é muito visível, é difícil passa-lo numa imagem”, admite José Carlos Carvalho -, sobretudo para quem quer fugir aos estereótipos (o pobre na rua, as placas a dizer crise) e partir para algo mais conceptual e reflexivo.

Responsável pelo retrato do distrito de Beja, o fotojornalista da Visão ficou elegeu a estrada nacional número 2 como fio condutor do seu trabalho. Já a percorreu algumas vezes – e ainda outras estão para vir - e quer mostrar o que eu vê a partir da estrada: “Através da janela do carro, parando no café...”.

Em meio ano já percebeu, por exemplo, que quem utiliza as estradas nacionais são já um público variado – provavelmente a fugir das auto-estradas e das scuts, um espelho da crise. 

No fim do ano – no dia 12 do 12 de 2012, se tudo correr bem – os autores do projecto vão inaugurar uma exposição e lançar um livro (“o livro é o grande objectivo, é um documento sociológico que fica”). Cada fotografo terá 12 páginas e todos terão uma personalidade que vai escrever sobre as imagens e sobre o ano de 2012.

O convidado do fotojornalista da Visão foi Carvalho da Silva e da lista fazem também parte Ana Cristina Pereira, Luís Afonso, Vicente Jorge Silva, Graça Morais, Paulo Barriga, José Luís Peixoto, Fernando Alves, Ana Sá Lopes, Frei Fernando Ventura, Rui Goulart, Nuno Faria. O prefácio ficará a cargo do sociólogo António Barreto.

Quem quiser antecipar-se – e ajudar a patrocinar o projecto – pode fazer a partir desta quarta-feira, dia 20, a compra antecipada do livro por 20 euros.

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