Museu do Ar reabre portas no final do mês e reforça presença em Sintra

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Depois da remodelação, o museu tem um piso novo no hangar principal e mais aeronaves Pedro Valdez

Novos aviões e novas salas de exposição e multimédia são algumas novidades preparadas para o museu se afirmar na sua nova sede na Base Aérea 1. Autarca continua a defender aviação civil na Granja do Marquês.

Um Douglas C-47, mais conhecido no meio aeronáutico como Dakota, vai ser uma das novas atracções do Museu do Ar, que reabre a 29 deste mês na Base Aérea 1, em Sintra. Uma nova sala dos pioneiros da aviação e uma sala multimédia, patrocinada pelo município sintrense, também fará parte do renovado equipamento museológico da Granja do Marquês.

O Museu do Ar inaugurou as novas instalações na base aérea de Sintra em Dezembro de 2009, mantendo em funcionamento os pólos de Alverca - onde o museu funcionou desde 1970, num hangar junto às Oficinas Gerais de Material Aeronáutico - e de Ovar. A transferência da sede do museu para a Granja do Marquês ficou a dever-se à impossibilidade de expansão das instalações em Alverca, ao contrário de Sintra, que possui o triplo da área disponível no concelho de Vila Franca de Xira. O espaço museológico aberto aos visitantes ronda os 7000 metros quadrados, mas pode ser ampliado até aos 12.000 m2.

O museu encerrou portas temporariamente, em Novembro passado, para a reabilitação do espaço e renovação de colecções. O piso do hangar principal precisou de ser refeito. Segundo uma nota informativa do museu, a nova sala dos pioneiros apresentará objectos relacionados com os aviadores que contribuíram "para o progresso da aviação em Portugal". A sala multimédia, patrocinada pela Câmara de Sintra, consiste num auditório dotado de um ecrã panorâmico, com capacidade de 50 lugares, reutilizando os bancos de um antigo Boeing. Para além das salas dedicadas ao acervo histórico da companhia aérea TAP e da gestora dos aeroportos nacionais ANA, o hangar principal exibe um painel fotográfico que conta a história dos 100 anos da aviação no país.

Os visitantes encontram quatro dezenas de aeronaves, simuladores, motores e diversos objectos relacionados com a aviação, nas vertentes militar e civil. Um dos modelos em destaque é o biplano XIV-Bis, que o brasileiro Alberto Santos Dumont pilotou na capital francesa em 1906. Trata-se da segunda réplica existente no mundo, feita a partir de outra patente no Museu do Ar de Paris. Mas existem outros motivos de interesse, como o germânico Junkers Ju 52, ou os britânicos de Havilland Hornet e Dragon Rapide ou o reputado caça Spitfire.

Um Dakota C-47, uma versão de transporte do avião militar construído pela americana Douglas Aircraft Company, e largamente utilizado em operações nos antigos territórios ultramarinos da Guiné, Angola e Moçambique, estará em processo de restauro para figurar na exposição estática. O exemplar, oferecido pela TAP, requereu uma delicada operação de transporte através do IC19 até à Granja do Marquês. Um avião T-6 Harvard, que participou no golpe militar falhado do 11 de Março de 1975, e um Avro 631, modelo de origem inglesa, que era usado em instrução elementar, serão outras das novidades.

"Há um incremento de peças, algumas novas, mas a remodelação do museu também conta com uma nova sala dedicada aos pioneiros da aviação em Portugal", destaca o major Jorge Sousa. O subdirector do Museu do Ar realça ainda a importância da nova sala multimédia na valorização do serviço educativo, para responder à procura das visitas escolares.

As asas de Da Vinci

Uma réplica das famosas asas voadoras desenhadas por Leonardo Da Vinci, inspiradas nos morcegos e construídas para uma exposição sobre as engenhosas máquinas projectadas pelo multifacetado inventor italiano do século XV, foi cedida pela câmara municipal ao museu. A peça, que estava exposta na Biblioteca Municipal de Sintra, na Casa Mantero, "foi objecto de uma permuta e permitirá à câmara expor em diversos espaços municipais peças do museu relacionadas com a aviação", adianta o presidente do município, Fernando Seara.

A autarquia apoiou com cerca de 60 mil euros a remodelação do museu, um investimento que o autarca considera importante para a preservação de um importante património cultural. "A câmara fica contente com o aumento do acervo do Museu do Ar, pela contribuição com uma nova aeronave da TAP, no fundo demonstrando que não se trata apenas de um museu da Força Aérea, mas também da aviação portuguesa", nota Fernando Seara, que continua a defender o reforço do uso civil para a base aérea mediante a abertura à aviação comercial.

A reabertura do museu, a 29 de Junho, ocorre no feriado do Dia do Município e coincide com as comemorações, a 1 de Julho, dos 60 anos da Força Aérea Portuguesa.

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