O edifício mais feio do mundo foi símbolo de superioridade e falhanço do comunismo

Era para ser o edifício mais alto do mundo, mas hoje é considerado o mais feio. 25 anos depois do lançamento da primeira pedra, abre ao público

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Ryugyong começou a ser construído em 1987 em Pyongyang com o objectivo de ser o maior hotel do mundo, imagem imponente do comunismo. Os critícos consideraram-no o mais feio e a sua existência chegou a ser negada pela Coreia do Norte.

O edifício ergue-se a 330 metros de altura, em pirâmide, na cidade de Pyongyang. Constituído por três alas com 100 metros de comprimento e dezoito de largura, o hotel Ryugyon tem 105 pisos construídos em anel, sendo que os últimos cinco estão reservados a restaurantes giratórios. Com a sua estrutura a fazer lembrar uma montanha e um cume aparentemente coberto de neve, Ryugyong seria uma alusão à natureza, elemento importante da cultura norte-coreana.

A construção do hotel começou um ano antes da Coreia do Sul receber os Jogos Olímpicos de Verão, em 1988. Por isso, houve quem dissesse que Ryugyong serviria para mostrar que os norte-coreanos não estavam a ser ultrapassados pelos seus vizinhos rivais, sendo a concretização material da superioridade da Coreia do Norte e do comunismo.

Apesar da sua dimensão, a conclusão do projecto ficou programada para 1989, ano em que o país recebia as jornadas da juventude. Mas tal não aconteceu. Em 1993, depois da queda da União Soviética, e devido a vários problemas, como a falta de electricidade, a escassez de materiais e a fome entre a população, a construção ficou suspensa.

Hotel Of Doom

Os problemas para o regime de Pyongyang continuaram, com especialistas a olharem para o hotel e a considerarem-no o mais feio do mundo. A revista Esquire designou-o como o “pior edifício da história da humanidade” , sendo também chamado de “Hotel Of Doom” (“Hotel da Ruína”). A própria segurança do edifício foi questionada pela Câmara do Comércio da União Europeia, após uma inspecção.

Por essa altura, o hotel já tinha custado 750 milhões de dólares (562 milhões de euros), o que corresponde a 2% do PIB da Coreia do Norte, segundo jornais japoneses.

Ryugyong tornou-se um símbolo do falhanço do país e do comunismo. Apesar do imponente edifício ser visto a quilómetros de distância, Pyongyang chegou, mesmo, a negar a sua existência, fazendo-o desaparecer das imagens oficiais da capital norte-coreana.

Durante 16 anos, a construção esteve parada e, quer o regime quisesse, quer não, a linha do horizonte de Pyongyang esteve recortada pelo “gigante triângulo”, feito de cimento, completamente vazio e sem vidros.

Em 2009, a Coreia do Norte anunciou a retoma da construção, com o investimento de 400 milhões de dólares pela Orascom, uma empresa egípcia ligada às áreas da construção e das telecomunicações. A Orascom ficou, ainda, com uma licença para operar uma rede de telemóveis no país e instalou antenas de telecomunicação no edifício, apesar de na Coreia do Norte ser proibido o uso de telemóveis e de a empresa ter recusado qualquer ligação entre esse negócio e a construção do hotel.

Em 2011, as obras do exterior do edifício ficaram concluídas e, hoje, aquele que era um ruína sem vidros, é um hotel totalmente espelhado, com uma aparência que contrasta com a paisagem minimalista da capital norte-coreana. Mais de 20 anos após a data prevista, a abertura de Ryugyong acontece em 2012, ano de comemoração do centenário de Kim Il-Sung, líder da Coreia do entre 1948 e 1994, conhecido como “Presidente Eterno".

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