À Lupa: Plano B de Jorge Jesus resultou masoquista

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A saída de Aimar mudou o jogo Foto: Hugo Correia/Reuters

1. O Chelsea é uma equipa que já não consegue disfarçar as rugas, mas ganhou equilíbrio defensivo e estabilidade emocional desde que no seu balneário passou a imperar o pragmatismo de um treinador italiano. Isso foi decisivo na vitória sobre um Benfica que acabou por expor as suas maleitas na defesa (Emerson esteve mal no golo e em mais uma série de situações, mas também Jardel foi mal batido por Torres no lance capital) e que baixou claramente de produção quando Jorge Jesus mudou alguns protagonistas e o desenho.

2. Ninguém arriscou na primeira parte, como se os dois treinadores assumissem que esta era uma eliminatória para se decidir apenas no segundo jogo. O Benfica foi mais cerebral e contido e menos aventureiro do que é hábito. Isso descaracterizou um pouco o seu jogo, mas, por outro lado, permitiu-lhe disfarçar durante algum tempo as maleitas defensivas, principalmente no lado esquerdo: sempre que foi deixado sem apoio, Emerson sofreu com Ramires.

3. Mas o Chelsea também não se mostrou muito afoito. Di Matteo não abdicou do duplo pivot, mas surpreendeu ao deixar de fora, em simultâneo, Lampard e Essien. Jogaram nos seus lugares Mikel e Raúl Meireles, numa equipa que também apresentou de início os habitualmente suplentes Paulo Ferreira, Torres e Kalou. Este último, percebeu-se rapidamente, estava em campo para dar profundidade ofensiva, mas também para tentar condicionar as subidas de Maxi Pereira. Não foi muito eficaz na tarefa.

4. Tal como tinha feito na Luz o Manchester United, o Chelsea arriscou deixar de fora muitas das principais figuras. Mas nem por isso foi sobranceiro. Tal como o Benfica, não adiantou muito as linhas e jogou sempre na expectativa. É verdade que teve sempre mais bola na primeira parte (terminou com 52%), mas passou por dificuldades sempre que o Benfica acelerava. Com Aimar desequilibrante e Gaitán novamente influente, a equipa portuguesa foi mais forte na primeira meia hora.

5. O Chelsea equilibrou e desperdiçou boas situações antes do intervalo, mas o Benfica voltou muito forte do balneário. O penálti escandaloso cometido por Terry foi não só um erro grave do árbitro, mas também um momento determinante. Até porque o lance que seguiu, em que o até aí apagado Mata atirou ao poste, serviu para deixar a nu as debilidades de Jardel.

6. O Benfica ficou muito pior após Jesus trocar, aos 70’, Aimar e Bruno César por Matic e Rodrigo. O Chelsea passou a dominar no miolo, onde Mikel passou a ter uma liberdade de acção que até aí não se vira. O golo não tardou muito e o Chelsea ficou ainda mais cómodo. O plano B do Benfica acabou por resultar masoquista. Jesus ainda tentou repor a normalidade com a entrada de Nolito, mas o mal já tinha sido feito.

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