Os escolhidos evitam a derrota em Varsóvia

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Portugal e Polónia empataram a zero em Varsóvia Foto: Adam Nurkiewicz/AFP

Portugal podia ter marcado na primeira parte, mas escapou ao desaire no segundo tempo, no estádio que receberá a partida inaugural do Euro 2012.

No primeiro jogo depois da qualificação para o Campeonato da Europa de 2012 e no último antes da convocatória final, Portugal empatou sem golos com a Polónia. Foi o terceiro empate na era Paulo Bento, depois do consentido com a Bósnia no primeiro jogo do play-off de apuramento (0-0) e do particular com o Chile (1-1). Mesmo assim, o seleccionador que se sentou no lugar deixado vago por Queiroz chega às portas da fase final com um média amplamente positiva: nove vitórias, três empates e duas derrotas (Dinamarca e Argentina).

Como convidado de honra na inauguração do Estádio Nacional de Varsóvia, Portugal teve oportunidades para sair vencedor do último jogo antes de Bento se decidir pelos 23 jogadores a levar ao Euro 2012 mas, na segunda parte, também podia ter sido derrotado. Aí valeu Rui Patrício, com três defesas decisivas.

O empate foi também o resultado de uma gestão do grupo de jogadores por parte de Bento, a 48 horas do clássico Benfica-FC Porto — o seleccionador criticou a Liga de clubes pelo facto. Além de uma convocatória com poucos jogadores dos dois clubes, João Moutinho fez a primeira parte, Rolando entrou na segunda e Nélson Oliveira estreou-se com a camisola da selecção a dez minutos do fim. Nada que possa comprometer as escolhas de Jorge Jesus e Vítor Pereira para o clássico.

Num esboço final da equipa que poderá vir a ser a titular no Europeu, Hugo Almeida parece ganhar a corrida ao lugar da frente. Foi titular, ladeado pelos indiscutíveis Cristiano Ronaldo e Nani, mas o avançado do Besiktas pareceu sempre só. Aliás, o seleccionador utilizou a mesma equipa que derrotou a Bósnia no play-off (0-0 e 6-2), uma cartada repetida ontem em Varsóvia para mostrar em quem confia para a fase final. Faltará aqui Hugo Viana? “Ainda é demasiado cedo para tomar decisões”, disse Paulo Bento no final do jogo, adiantando que tem mantido uma “identidade de jogo”. E essa passa por um meio-campo com Moutinho, Veloso e Meireles.

Foi este centro que começou a pautar o jogo de Portugal e a encostar a Polónia. Numa noite com pouco frio (9 graus), o estádio que custou 500 milhões de euros e vai receber o jogo inaugural do Campeonato da Europa, os portugueses foram superiores no primeiro tempo. Mais por Nani do que Ronaldo. O extremo do Manchester United teve o golo nos pés por duas vezes, uma a abrir o jogo e outra antes do intervalo. Na primeira, depois de um excelente trabalho pela direita, rematou forte perante Szczesny, o guarda-redes que o seleccionador Smuda confessou na véspera “tremerem-lhe as pernas quando imagina Ronaldo pela frente”. Na segunda, isolado após um contra-ataque rápido, rematou ao lado.

De Ronaldo, apenas um remate na primeira parte com algum perigo. Este foi o melhor período de Portugal, principalmente os primeiros 20 minutos, com posse de bola e jogadas rápidas. A isto, Bento chama-lhe a “identidade da selecção”. Mas não durou muito.

Sem Coentrão, que se lesionou aos 39 minutos, entrou Nélson, que mostrou não ter a profundidade do jogador do Real Madrid. E foi dele o erro, com um passe a isolar Jelen, a provocar o primeiro lance de perigo dos polacos. Isolado, atrapalhou-se frente a Patrício.

No segundo tempo, a Polónia equilibrou o jogo e na dança das substituições ganhou ascendente na partida. Ao 14.º jogo de Bento desde Outubro, Portugal esteve perto de averbar a terceira derrota. Aqui, apareceu Patrício, dono e senhor da baliza. O treinador português admitiu que a sua equipa podia ter perdido o jogo nos últimos 15 minutos.

Com Manuel Fernandes, Quaresma, Postiga e Nélson Oliveira em campo, a selecção parecia desencontrada. A defesa, já com Rolando no lugar de Pepe, entrou em apuros.

Obraniak, Peszko e Mierzejewski testaram o guarda-redes português. Mesmo assim, Portugal, com a equipa partida no meio-campo e sem ligação ao ataque, manteve o empate.

Saiu sem ser derrotado no estádio em que foi o convidado de honra e ao qual quer voltar em Junho. Seria bom sinal. Teria passado o “grupo da morte” com Alemanha, Holanda e Dinamarca e estaria a disputar os quartos-de-final (21 de Junho). Ou, ainda melhor, como vencedor do Grupo B e passando os “quartos”, chegar a Varsóvia no dia 28.

Positivo
Obraniak

O médio do Bordéus accionou todo o jogo dos polacos. Mais preso no primeiro tempo, como toda a sua equipa, soltou-se na segunda parte. E aí ajudou a encostar os portugueses lá atrás.


Nani

Foi o elemento mais perigoso de Portugal. Teve nos pés a hipótese de derrotar a Polónia, mas foi perdulário frente a Szczesny por duas vezes.


Rui Patrício

A Polónia foi mais feroz nos últimos instantes da partida e foi aí que Patrício brilhou. Atrapalhou o isolado Jelen; fez uma excelente defesa ao remate de Obraniak; impediu a festa de Peszko e depois foi a vez de negar o golo a Mierzejewski. É obra.


Negativo
Nélson

Entrou para o lugar do lesionado Fábio Coentrão para fechar a defesa no lado esquerdo. E foi dele a grande oportunidade de golo da Polónia, depois de um mau passe para Bruno Alves que isolou Jelen. Valeu Patrício e a azelhice do polaco.


Segunda parte Portugal

Com a dança das substituições, Portugal perdeu o fulgor que tinha demonstrado na primeira parte. No final, com três investidas dos polacos, podia mesmo ter averbado a terceira derrota do reinado de Paulo Bento. Vale o empate no último jogo antes da convocatória final.


Ficha de jogo

Jogo no Estádio Nacional de Varsóvia, em Varsóvia. Assistência Cerca de 58.000 espectadores

Polónia

Szczesny, Piszczek, Perquis, Wasilewski, Wawrzyniak (Boesnich, 85’), Blaszczykowski (Mila, 90’), Dudka, Polanski (Matuszczyk, 81’), Obraniak (Mierzejewski, 81’), Rybus (Peszko, 77’) e Jelen (Kamil Grosicki, 67’).


Treinador

Franciszek Smuda.


Portugal

Rui Patrício, João Pereira, Pepe (Rolando, 67’), Bruno Alves, Fábio Coentrão (Nélson, 21’), Miguel Veloso, Raul Meireles, João Moutinho (Manuel Fernandes, 46’), Nani (Nélson Oliveira, 82’), Hugo Almeida (Hélder Postiga, 66’) e Cristiano Ronaldo (Quaresma, 76’).


Treinador

Paulo Bento.

Árbitro

Alon Yefet (Israel) Amarelos Miguel Veloso (48’)

Golos

Não houve

Notícia actualizada às 22h56
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