Ginásios: 4,2% dos clientes assume consumir doping

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Os resultados sobre o consumo de substãncias dopantes em Portugal são inferiores à média europeia Fernando Veludo

A quase totalidade dos frequentadores dos ginásios portugueses garante não consumir substâncias dopantes, mas 4,2 por cento reconhece que as utiliza, algo que, no entanto, está longe das preocupações dos responsáveis do sector.

Num inquérito realizado nos ginásios, "95,8% das pessoas disseram que nunca tomaram nada, os restantes 4,2% assumem que tomaram algum tipo de substâncias, o que dá 34 clientes" entre os mais de 800 que responderam, avançou hoje à agência Lusa o secretário-geral da Associação de Empresas de Ginásios e Academias de Portugal (AGAP).

Este estudo foi desenvolvido pela associação europeia Health and Fitness na Europa, com o apoio da Comissão Europeia, e abrangeu oito países. O objectivo é "responder" à ideia de que "existe doping no sector do fitness, o que não é confirmado pelo sector".

Armando Moreira referiu que, nos países onde decorreu o inquérito, a média de clientes dos ginásios a admitir consumir substâncias dopantes foi de 2,7%, abaixo dos 4,2% de Portugal. O responsável desvalorizou esta diferança. "Estarmos a falar que há doping [em Portugal] é um pouco ridículo porque estes 34 [que responderam afirmativamente] dá uma margem baixíssima" no total dos mais de 800 frequentadores inquiridos.

No conjunto dos países participantes no estudo, "entre as pessoas que responderam que utilizam doping, 40% praticam outro tipo de actividade", fora do ginásio, o que pode ser um ponto de partida para uma reflexão, salientou o secretário-geral da AGAP. Armando Moreira salientou que "este não é um tema muito discutido nem há muita formação" para os profissionais. O sector defende "políticas e recomendações mais claras a nível europeu para os instrutores".

No inquérito, em Portugal, é referido que 6,3% dos frequentadores de ginásios diz tomar bebidas energéticas. A média de todos os países é de 10%. Quanto aos batidos com proteínas, quase 20% dos "desportistas" portugueses referem o seu consumo quando a média geral se aproxima de 14%.

Metade dos inquiridos frequenta ginásios há mais de seis anos, acima da média de todos os países que é de 34%. "Numa indústria como a nossa, que não está na fase de maturidade como no norte da Europa, é surpreendente porque a taxa de penetração [daqueles países] é superior à nossa", apontou. Em Portugal, as estimativas apontam para 500 mil praticantes e uma taxa de penetração de 5,7%, enquanto nos países nórdicos chega aos 15-20%. Por outro lado, 34% dos portugueses dizem treinar quatro a seis vezes por semana, contra a média do total de 25%.

O doping nos ginásios relaciona-se com consumo de esteróides e anabolizantes, substâncias que alteram o rendimento e desempenho físico. Em Portugal foram realizados cerca de 900 inquéritos, a profissionais ou instrutores (120), empresários (24) e clientes (o restante), uma proporção seguida em todos os países participantes: Portugal, Bulgária, Dinamarca, Alemanha, Polónia, Reino Unido, Holanda e Hungria.

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