Maioria dos universitários tem falta de conhecimentos sobre contracepção e sexo seguro

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Mais de metade (50,2%) dos jovens que frequentam o ensino universitário não soube dizer correctamente qual é a função principal da pílula Nelson Garrido

Mais de metade dos jovens universitários portugueses não se sentem devidamente informados sobre contracepção nem sobre práticas de sexo seguro, razão pela qual a Associação para o Planeamento da Família (APF) vai arrancar com uma campanha de sensibilização junto desta população.

De acordo com dados do relatório “Saúde sexual e reprodutiva dos estudantes do ensino superior”, realizado em 2010 e apresentado em Abril deste ano, “só 46%” dos jovens universitários dizem estar devidamente informados sobre questões de sexo seguro e contracepção.

Para o estudo foram entrevistados 3.278 alunos do ano lectivo 2009/2010, de 144 institutos/universidades de Portugal Continental.

Mais de metade (50,2%) dos jovens que frequentam o ensino universitário não soube dizer correctamente qual é a função principal da pílula e 50,1 por cento não sabem o que fazer em caso de esquecimento de toma.

No entanto, 93,3 por cento sabe que o preservativo é a melhor forma de evitar as infecções sexualmente transmissíveis e a maioria (mais de 90 por cento) revela um nível de conhecimento elevado em relação às formas como estas doenças se transmitem.

Dados que sustentam a convicção da Associação para o Planeamento da Família (APF) de que esta população, com uma faixa etária entre os 18 e os 25 ou 29 anos, não é tão esclarecida como seria expectável.

Contactado pela Lusa, o director executivo da APF explicou que todos os anos realizam campanhas de sensibilização e de esclarecimento sobre a contracepção, mas este ano optaram por direccionar esforços para os estudantes universitários.

“É uma população mais esclarecida e sê-lo-á provavelmente em alguns aspectos, mas mesmo assim os estudos existentes revelam falta de conhecimentos e revelam também comportamentos de risco na área contraceptiva”, adiantou Duarte Vilar.

Apontou igualmente que “um terço das interrupções voluntárias de gravidez ocorre antes dos 24 anos”.

“Em geral há muita coisa para adolescentes, mas os pós-adolescentes, o que nós chamamos os 18/25 ou, alargando um bocadinho, os 18/29, são de facto sistematicamente esquecidos”, justificou o responsável, lembrando os estudantes que estão deslocados de casa e não sabem onde dirigir-se nem têm médico de família.

De acordo com o director-geral da APF, em comparação com a faixa etária anterior (adolescentes), a população universitária está percentualmente mais envolvido em relações sexuais.

“Por tudo isto decidimos fazer esta campanha de esclarecimento contraceptivo. Não há nenhum método em especial, há de facto uma tentativa para aumentar os conhecimentos dos estudantes universitários em matéria de contracepção”, sublinhou Artur Vilar.

Razão pela qual, apontou o responsável, a campanha dá pelo nome de Semana Académica de Contracepção e tem como lema “Jogo de Cintura para uma Contracepção Segura”.

A campanha arranca no dia 21 de Novembro na Cantina 1 da Cidade Universitária, em Lisboa, e passa por 15 locais, entre a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, a Cantina da Universidade de Coimbra, o Colégio Luís António Verney, em Évora, a Cantina da Universidade do Algarve, em Faro, e a Faculdade de Direito da Universidade do Porto.

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