A ”Geração Extreme” não vive sem telemóvel

Não imaginam a realidade sem a tecnologia: telemóvel e internet. Estão sempre contactáveis e os amigos e família determinam a escolha do tarifário

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Telemóvel é uma parte da identidade pessoal dos jovens, diz a investigadora Inês Teixeira-Botelho Pedro Cunha

São jovens, entre os 18 e os 24 anos, e fazem parte de uma geração dependente do telemóvel, que "se relaciona preferencialmente com pessoas pertencentes ao mesmo tarifário". Quem o diz é Inês Teixeira-Botelho, no livro "Geração Extreme".

O estudo desta jovem, que se considera uma nativa digital, dá a conhecer os hábitos de utilização do telemóvel e da internet aos emigrantes digitais (pais, tios e avós) e a todos aqueles que pretendem conhecer o mundo em que vivem. Nas palavras de Inês, esta é uma geração muitas vezes mal interpretada, principalmente "porque ficam por contar histórias de sucesso".

Os jovens de hoje são "cidadãos do mundo", dispostos a manter relações "que sejam uma extensão da sua própria identidade". É aqui que o telemóvel assume grande importância, pois é visto como "parte da identidade pessoal dos jovens e também a base da sua sociabilidade enquanto seres humanos".

"Hypertext-minds"

"É difícil para eles pensar na realidade de forma separada das suas tecnologias pessoais", comenta Inês. O que os caracteriza são as "relações interpessoais ininterruptas", sendo que "esta geração criou uma nova pontualidade". Graças ao telemóvel estão sempre em contacto e reajustam constantemente o que estava inicialmente combinado.

Os raciocínios são desenvolvidos em paralelo, o que a autora apelida de "hypertext-minds", ou seja, a facilidade de executar várias tarefas ao mesmo tempo. Actualmente, os jovens habituaram-se a viver de uma forma menos programada, em contacto permanente. Graças à tecnologia, "mantêm facilmente relações sem fronteiras com amigos de outras nacionalidades" e sentem a necessidade de contribuir para a evolução do mercado. "Se gostam, elogiam, mas se se sentem enganados também partilham", explica a autora.

Inês Teixeira-Botelho revela algumas conclusões da sua investigação e aponta os amigos e a família como factor mais importante na hora de escolher o tarifário sem mensalidade. "Esta é uma geração que procura um sentido para tudo", sempre pronta a fazer "like" ou a criticar. "Veste muito a camisola das marcas que consome", refere a autora.

Um mercado pensado para os jovens

Uma das suas conclusões indica que, apesar de serem todos "extreme", têm diferenças entre si: estilísticas, sociais e geográficas. Ser membro de um tarifário pode significar a inclusão ou exclusão de um grupo de amizade. A "Geração Extreme" está sempre "in touch" com as pessoas de quem mais gosta através do telemóvel, da internet e das redes sociais. Apesar de ainda estar a trabalhar nestas conclusões, Inês Teixeira-Botelho notou que existem tarifários que predominam mais no norte, enquanto outros se concentram no centro do país.

Sobre a evolução no sector das telecomunicações, primeiro com as mensagens grátis e depois com as chamadas, a autora acredita que "foi uma conquista dos jovens graças à saturação do mercado e uma evolução natural". Como impulsionadores do uso das tecnologias e através da influência que exercem nos seus antecessores, os jovens conseguiram atrair a atenção das operadoras móveis, que cada vez mais se adaptam ao mercado existente, onde predomina o público jovem.

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