Pais denunciam discriminação de crianças diabéticas nas escolas

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João Nabais disse que existem problemas no acesso a creches ou escolas pré-primárias Pedro Cunha

A Confederação das Associações de Pais (CONFAP) confirmou hoje as denúncias feitas pela Federação Internacional da Diabetes - Região Europa de discriminação de crianças diabéticas nalgumas escolas portuguesas.

Em particular, a confederação aponta os casos de duas crianças, de oito e treze anos, de escolas das zonas de Gaia e Setúbal, alegadamente discriminadas por serem diabéticas. “Estes foram os casos que nos chegaram, mas estou convencida que existem muitos mais”, disse Maria José Salgueiro, da CONFAP.

Contactada pela Agência Lusa, fonte do Ministério da Educação e Ciência explicou que “este tipo de situações deve ser comunicada às direcções regionais de educação para posterior averiguação e tomada das diligências consideradas adequadas”. “O Ministério da Educação e Ciência promove a igualdade de oportunidades de crianças e jovens”, acrescentou a tutela.

Segundo a responsável da CONFAP, nestes casos, “o que se passa é uma falta de conhecimento, de boa vontade e falta de ligação entre equipas, nomeadamente com os centros de saúde”.

Numa das escolas onde ocorreu um dos casos, “havia uma desresponsabilização completa”. “É uma menina de oito anos que já fazia a injeção, mas precisava que alguém durante o dia fosse ajudando no controle” da medição dos níveis de açúcar no sangue. “Ninguém na escola queria assumir essa função, o que se tornou um bocadinho dramático para os pais. A mãe estava a pensar deixar de trabalhar e ficar à porta da escola para garantir a vida da filha”, disse Maria José Salgueiro. A criança estava, inclusive, “impedida” de participar em passeios e visitas de estudo, acrescentou.

Na sequência de reuniões com a direcção da escola, associação de pais, centro de saúde e delegado de saúde “conseguiu chegar-se a um entendimento.

Outra situação que a CONFAP ainda está a acompanhar está relacionada com um rapaz de 13 anos. “É um caso dramático, porque era também vítima de bullying, o que obrigou à sua transferência para outro estabelecimento de ensino. O rapaz não queria ir à escola e chegou a dizer à mãe que se queria matar. É uma criança muito deprimida e revoltada com a sua doença”, disse a mesma responsável. Maria José Salgueiro lamentou que na escola “ninguém se tenha preocupado com a parte emocional daquela criança. Pelo contrário, preocupavam-se apenas em puni-lo sempre que extravasava a sua revolta”.

Numa declaração enviada à Lusa, a propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinala segunda-feira, o presidente da Federação Internacional da Diabetes (IDF) - Região Europa, João Nabais, defendeu que “a discriminação das crianças com diabetes é alarmante e uma realidade que ainda existe”. “Os problemas vão desde a recusa no acesso a creches ou escolas pré-primárias ou não dar as condições necessárias para a administração de insulina ou a medição dos níveis de açúcar no sangue, passando pela exclusão nas actividades desportivas e viagens escolares”, acrescentou.

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