Sonho de Pistorius está prestes a tornar-se real

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Oscar Pistorius será o primeiro atleta paralímpico a participar nos Mundiais de atletismo Reuters

Após anos de tentativas, Oscar Pistorius ganhou a corrida à participação em campeonatos mundiais para atletas não portadores de deficiência. O sul-africano, conhecido como "Blade Runner" pelas lâminas de fibra de carbono que substituem as pernas (amputadas aos 11 meses de idade), tinha participado em vários meetings europeus e na Liga de Diamante, mas não conseguira mínimos nos 400m para os Mundiais de Daegu, na Coreia do Sul. Em Itália, há três dias, cumpriu a distância em 45,07s e relançou uma discussão antiga.

No início do ano, Pistorius obtivera a marca de 45,61s, beneficiando da altitude de Pretória, mas foi na reunião italiana de Lignano Sabbiadoro que obteve o sensacional registo de 45,07s. Uma marca que, para além de constituir a 15.ª mundial do ano para atletas sem deficiência, satisfez o mínimo A (o que permite ter três atletas por prova) para Daegu.

Já um atleta sul-africano tinha atingido este ano o mínimo A nos 400m para Daegu - Louis Van Zijl, com 44,86s, o mais rápido da época nos 400m barreiras. Até agora, estava também designado para participar Lebobang Moeng, detentor do mínimo B, com 45,47s, mas a partir daqui tudo muda de figura.

Pistorius deverá entrar na mais importante competição oficial sob a égide da FIAA (Federação Internacional de Atletismo), que desde cedo manifestou claro incómodo face a este cenário. Acontece que o atleta acabou por ver reconhecida pelo Tribunal Arbitral do Desporto, em 2008, a sua elegibilidade para competir fora do âmbito paralímpico, uma decisão que teve em conta relatórios que confirmavam que o sul-africano não tirava benefício do uso das próteses, argumento que continua a ser central nos regulamentos atléticos.

A partir de então, o velocista de 24 anos passou a ser admitido nos meetings internacionais, mas já depois da decisão do tribunal os peritos reviram a sua teoria. Peter Weyand - um dos investigadores que curiosamente conduziram ao parecer de que Pistorius não tirava vantagem do uso das próteses - rebateu posteriormente no Journal of Applied Physiology as primeiras conclusões levadas a cabo na Universidade de Rice, nos EUA, 18 meses antes, alegando que a informação que possuía era incompleta.

"A mecânica de sprint de Pistorius é anómala e vantajosamente atribuível aos seus membros mais leves e flexíveis. As lâminas de carbono podem valer entre 15 a 30 por cento de melhoria nos seus tempos de sprint", assinalou Weyan, frisando que as próteses reduzem o uso de força muscular durante a corrida.

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