Passos e Portas prontos para “namorar” a maioria

“Esta noite quem ganhou foi Portugal”, disse Passos Coelho
Fotogaleria
“Esta noite quem ganhou foi Portugal”, disse Passos Coelho Daniel Rocha
Passos Coelho festeja a vitória com a mulher, Laura Ferreira
Fotogaleria
Passos Coelho festeja a vitória com a mulher, Laura Ferreira Daniel Rocha
Passos reiterou a sua indisponibilidade de ‘abrir’ o Governo ao PS
Fotogaleria
Passos reiterou a sua indisponibilidade de ‘abrir’ o Governo ao PS Daniel Rocha
“Os anos que nos esperam vão exigir de todo o nosso Portugal muita coragem”, afirmou Passos
Fotogaleria
“Os anos que nos esperam vão exigir de todo o nosso Portugal muita coragem”, afirmou Passos Daniel Rocha
Festejos da vitória no Marquês de Pombal, em Lisboa
Fotogaleria
Festejos da vitória no Marquês de Pombal, em Lisboa Daniel Rocha
Portas confirmou a disponibilidade do CDS-PP para construir uma maioria de direita
Fotogaleria
Portas confirmou a disponibilidade do CDS-PP para construir uma maioria de direita Rui Gaudêncio
Sócrates vai retirar-se da primeira linha da actividade política
Fotogaleria
Sócrates vai retirar-se da primeira linha da actividade política Miguel Manso
Louçã assumiu o resultado do Bloco como derrota pessoal
Fotogaleria
Louçã assumiu o resultado do Bloco como derrota pessoal Nuno Ferreira Santos
“A CDU, com grande empenhamento, fez a sua parte”, afirmou Jerónimo de Sousa
Fotogaleria
“A CDU, com grande empenhamento, fez a sua parte”, afirmou Jerónimo de Sousa Enric Vives-Rubio

Pedro Passos Coelho e Paulo Portas devem iniciar ainda hoje contactos para tentarem um entendimento com vista à formação de um Governo de coligação de maioria parlamentar.

Os líderes dos dois partidos deixaram ontem claro quererem esse entendimento, depois dos resultados das legislativas que deram a vitória ao PSD, com 38,6% (105 deputados) dos votos, com o CDS a obter 11,7% (24 deputados). Juntos somam 50,03%. O “namoro” vai começar.

No dia em que o país virou à direita, os grandes derrotados foram o PS e o Bloco de Esquerda. Os socialistas, que viram Sócrates dar-lhes o melhor resultado de sempre em 2005 (45%), tiveram agora o pior resultado dos últimos 20 anos (28,1%, 73 deputados). José Sócrates pediu de imediato a demissão de secretário-geral do PS e garantiu que não ocupará nenhum cargo político.

Já os bloquistas viram reduzido para metade o número de deputados. Obtiveram 5,2% dos sufrágios e passaram de 16 para oito deputados.

A CDU (PCP e os Verdes) está entre os que podem cantar vitória. Manteve a votação de há dois anos (7,9%), mas ganhou mais um deputado, passando a ter 16 assentos parlamentares, voltando a ser a quarta força política.

Mas o que vai estar no topo da discussão política nos próximos dias é a negociação entre PSD e CDS-PP para um acordo de Governo.

Passos Coelho garantiu, no seu discurso de vitória, que fará todos os esforços para assegurar que “os portugueses terão um Governo de maioria liderado pelo PSD” e garantiu que os contactos com o CDS devem começar muito em breve.

Já Portas confirmou a disponibilidade do CDS-PP para construir uma maioria de direita em Portugal. Sem dizer se os populares vão formar Governo com o PSD, frisou que a votação de hoje dá ao seu partido “importância e responsabilidade”.

Acrescentou ainda que o resultado das eleições “não deu a maioria absoluta a um só partido”, dizendo depois que o mais importante a partir de agora “é a governação de Portugal”.

Passos frisa vontade de mudança

Pedro Passos Coelho, o último dos líderes dos cinco principais partidos a falar na noite eleitoral, frisou também a "vontade de mudança" que acabou por se traduzir no voto no PSD. "É uma vontade inequívoca de abrir uma janela de esperança e de confiança para o futuro", afirmou.

O líder do PSD disse acreditar que o entendimento com o CDS-PP é possível, até pelo que já ouviu de Paulo Portas.

“Esta noite quem ganhou foi Portugal”, afirmou Passos Coelho, que se mostrou satisfeito com o resultado, mas salientou que, devido à crise em que o país vive, "este não é o momento para triunfalismos".

Passos prometeu “trabalho absoluto” e “transparência total” no que respeita aos sacrifícios pedidos aos portugueses e acrescentou que vai ser necessária muita coragem.

“Os anos que nos esperam vão exigir de todo o nosso Portugal muita coragem. Sabemos as dificuldades que enfrentamos. Precisamos de muita coragem para vencer as enormes dificuldades, precisamos também de alguma paciência, porque nós sabemos que esses resultados não aparecerão em dois dias”, afirmou.

"Vai ser difícil, mas vai valer a pena. Eu sei que vai valer a pena", acrescentou.

O líder do PSD reiterou a sua indisponibilidade de ‘abrir’ o Governo ao PS, mas garantiu disponibilidade para dialogar com os socialistas e fez votos para que o PS respeite aquilo que negociou com a 'troika'.

“Julgo que o país não perceberia que eu dissesse na noite das eleições o contrário”, frisou.

PS: o senhor que segue

O PS ficou-se pelos 28,1 por cento de votos (73 deputados) – é o pior resultado socialista nos últimos 20 anos. As eleições de 1991, quando Cavaco Silva foi eleito primeiro-ministro pela terceira vez, tinham sido as últimas em que o PS tinha obtido menos de 30 por cento.

O resultado levou José Sócrates a assumir a derrota e a demitir-se do cargo de secretário-geral, num discurso ainda antes de o escrutínio ter terminado.

“Regresso à condição de militante de base. Deixarei a primeira linha da actividade política e não pretendo ocupar qualquer cargo político”, esclareceu Sócrates.

No PS começa a falar-se no futuro líder. E o mais citado é António José Seguro. Este diz que ainda não é o momento para falar no assunto mas deixou já uma indicação de que pode avançar: “Não viro a cara ao PS e ao país.”

Os outros nomes de que se fala são Francisco Assis e Carlos César, mas depois da derrota do PS nos Açores, César ficou com a vida complicada.

CDS: “Convencemos mais cidadãos”

Já o CDS consegue nestas legislativas mais três deputados do que nas anteriores eleições. “Com menos cidadãos a votar, convencemos mais cidadãos a votar em nós”, observou Paulo Portas, que se mostrou preocupado com o número de pessoas que não foram às urnas.

A abstenção foi de 41,1 por cento, a mais elevada numas legislativas desde 1976.

O Bloco de Esquerda foi um dos grandes derrotados da noite. O partido reduziu para metade o número de assentos na Assembleia da República, tendo obtido pouco mais de cinco por cento dos votos, muito longe dos quase dez por cento das últimas legislativas. O Bloco desce assim de 16 para oito deputados.

“O BE não atingiu os seus resultados, eu sou o primeiro dos responsáveis de não termos conseguido os resultados que queríamos”, disse Francisco Louçã, em conferência na sede do BE.

A coligação PCP e Os Verdes manteve praticamente inalterada a votação de 2009 (teve 7,9 por cento dos votos), mas elegeu mais um deputado. Ao todo, a CDU conseguiu 16 mandatos.

“A CDU, com grande empenhamento, fez a sua parte”, declarou o líder comunista, Jerónimo de Sousa, que prometeu "luta" face à vitória da direita.

Os quatro deputados dos círculos da emigração ainda não são conhecidos. Duas freguesias boicotaram a votação.

O PCTP/MRPP foi a sexta força política mais votada, com 62.491 votos (1,1 por cento). O Partido pelos Animais e pela Natureza (PAN) conseguiu 57.634 votos (1,0 por cento), ficando na sétima posição. Nenhum dessas votações foi suficiente para eleger um deputado.

Sugerir correcção
Comentar