Álvaro de Carvalho é o novo coordenador nacional para a Saúde Mental

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Caldas de Almeida fez questão de frisar que a sua saída foi “programada” Foto: Enric Vives-Rubio/arquivo

Álvaro de Carvalho é o novo coordenador nacional para a Saúde Mental. O psiquiatra substitui José Caldas de Almeida que renunciou ao cargo que ocupava quase há três anos. A mudança foi hoje publicada em Diário da República, através de um despacho assinado pela ministra da Saúde, Ana Jorge.

No despacho, a tutela destaca o “perfil e aptidão” de Álvaro de Carvalho. O médico, de 62 anos, licenciou-se em Medicina pela Universidade de Lisboa e especializou-se em psiquiatria. É também assistente convidado de Saúde Mental e Psiquiatria e mestre em Saúde Mental e Psiquiatria pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.

Neste momento, Álvaro de Carvalho estava na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo como assessor do conselho directivo para a Saúde Mental, de que é coordenador regional, e era coordenador da equipa do projecto dos Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental – uma função que vai acumular com a coordenação nacional.

Contactado pelo PÚBLICO, Caldas de Almeida fez questão de frisar que a sua saída foi “programada”. O também director da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa recordou que começou o seu trabalho em 2006, com o anterior ministro Correia de Campos, tendo preparado a reforma da área da Saúde Mental e a criação de uma coordenação nacional que acabou por encabeçar em 2008, dando seguimento à implementação e monitorização do Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016

“O meu compromisso quando assumi as funções foi criar e instalar a coordenação nacional para a Saúde Mental. Na altura já tinha muitos outros compromissos profissionais e comprometi-me a ficar até ao final de 2010, que era a altura em que prevíamos ter alcançado o último objectivo: a criação dos Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental. Como o projecto se atrasou fiquei mais estes meses para o ultimar e agora já não sou necessário”, explicou.

“Continuidade e consolidação”

Caldas de Almeida garantiu que a sua saída “não deriva de conflito nenhum”. E mostrou-se “muito satisfeito” com o nome do seu sucessor, descrevendo Álvaro de Carvalho (que também já era assessor da coordenação nacional) como alguém com “muita experiência e generosidade”. O médico destacou, ainda, que “era um desejo antigo” poder unir a coordenação nacional para a Saúde Mental com a coordenação dos Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental – como agora acontece.

Sobre os anos que esteve na coordenação, sublinhou como principais marcos o encerramento de unidades hospitalares antigas e desadequadas e a criação de serviços de psiquiatria em hospitais gerais. Mas reconheceu que ter desempenhado o seu papel num “período de contracção da economia” dificultou o seu trabalho. No futuro gostaria de assistir à criação de um novo modelo de financiamento para a Saúde Mental e que “Portugal recuperasse do atraso” que ainda se verifica no sector – o que passa por alargar a participação dos profissionais de saúde não médicos nesta área.

Por seu lado, Álvaro de Carvalho, em declarações ao PÚBLICO, garantiu que vai ter “muito um trabalho de continuidade e de consolidação” do mandato de Caldas de Almeida, comprometendo-se a levar a implementação dos Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental a bom porto.

Questionado sobre o que gostaria de mudar e que indicadores gostaria de melhorar, o especialista defendeu que “em Saúde Mental é sempre difícil falar de indicadores” e deu como exemplo o tempo de internamento, explicando que no futuro a ideia é ter mais serviços na comunidade e internar apenas os casos mais graves “pelo que o tempo de internamento vai necessariamente aumentar”. Como principais objectivos, disse que gostaria de trabalhar de forma mais próxima com as Administrações Regionais de Saúde e de desenvolver a Saúde Mental dedicada, por exemplo, à adolescência.

Álvaro de Carvalho, que pertence aos quadros do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, foi também médico coordenador da Casa Pia de Lisboa, subdirector-geral da Saúde durante um ano, director dos serviços de Psiquiatria e Saúde Mental da Direcção-Geral da Saúde e, entre outras funções, presidiu à comissão interministerial que elaborou o I Plano Nacional contra o Alcoolismo.

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