Benfica não consegue melhor do que empatar em casa com o último

Foto
Foi o Portimonense quem mais motivos teve para festejar na Luz Hugo Correia/Reuters

Os tempos mudaram muito para os lados da Luz. Há 14 dias, o golo de Coentrão marcado nos descontos frente ao Marítimo deu a vitória e deixou em euforia 55 mil benfiquistas. A melhor casa da época representava a fé na revalidação do título. Mas isso foi há duas jornadas e antes da derrota em Braga. Depois tudo mudou. Jesus atirou a toalha ao chão e os 11 pontos para o FC Porto tornaram-se uma barreira intransponível. O calor das bancadas da Luz desapareceu – estiveram metade, neste domingo, no estádio – e o técnico abdicou dos habituais titulares: abriu mão de dez.

Esta já não é a sua prova. Garantida a final da Taça da Liga, com um pé na final da Taça de Portugal (tem uma vantagem de 0-2 trazida do Dragão) e em condições de seguir em frente na Liga Europa, o campeonato já não conta para Jesus. O campeão abdicou da coroa. Agora, cada jornada é uma dor.

O que antes era esforço misturado com a alegria ébria de se julgar ainda na luta pelo campeonato virou uma via sacra para técnico, equipa e adeptos.

Neste domingo, Aimar entrou em campo sozinho. O argentino tinha a braçadeira de capitão, mas era o líder de um amontoado de jogadores que mostram sem entrosamento. Frente ao Portimonense, o último da I Liga, o Benfica não teve a resposta imediata de outros tempos. Kardec e Jara estão longe de fazer esquecer Cardozo e Saviola. Sem Fábio Coentrão ou Javi García, os corredores e o centro do terreno perdem profundidade porque não é Carole ou Airton que preenchem esse vazio. E na defesa, Roderick não é Luisão e fez um penálti evitável, oferecendo o golo a Ricardo Pessoa. Um golo que chegou com um atraso de dois minutos, depois do remate de Lito ter beijado a barra da baliza de Moreira.

Do outro lado, Carlos Azenha, o treinador goleado há um ano quando visitou a Luz com o V. Setúbal (8-1), parecia agradecer. Com os poucos argumentos que apresentou, ia fazendo pela vida.

Jesus mexeu na equipa. Apesar de tudo, recuperar resultados não é algo inédito nos últimos tempos. Foi assim com Estugarda, Marítimo, Sporting e PSG. Todos com cambalhotas no marcador e um único desfecho: 2-1. No segundo tempo, o técnico colocou Salvio, Gaitán e Nuno Gomes. A equipa ganhou experiência e maior rotação. Hélder Castro esteve perto do 0-2, mas a bola foi ao poste. Na resposta, o 21 fez o golo do empate. Foi o primeiro empate na Liga e o único em mais de um ano para o Benfica. Ter desistido do jogo antes do seu início custou caro.

POSITIVOVentura

O que a sua equipa não fazia na frente, o guarda-redes emprestado pelo FC Porto ia tentando fazer atrás. Defendeu muito e bem e no golo não teve culpas.


Carlos Azenha

Há um ano saiu goleado (8-1) e muito maltratado da Luz, acabando mesmo por ser despedido. Onde perdeu a face com o V. Setúbal voltou a ganhá-la com o Portimonense. A sua equipa marcou num golo e viu duas bolas nos postes. Empatou, mas podia ter ganho.


NEGATIVORoderick

A dupla que fez com Jardel não fez esquecer Luisão nem por um minuto. O penálti é de quem não tem ritmo de alta-competição.


Jorge Jesus

Está com a cabeça fora do campeonato. Isso notou-se neste jogo. Mas o que fez, desistir de forma dramática da prova, foi injusto para quem foi à Luz. E corre o risco de ver o FC Porto fazer a festa debaixo do seu nariz, daqui a duas jornadas.


Ficha de jogo

Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.


Assistência 29.711 espectadores.


Benfica

Moreira 6, Luís Filipe 4, Roderick 4, Jardel 4, Carole 4 (Gaitán 4, 46’), Airton 4, Felipe Menezes 4 (Salvio 4, 46’), César Peixoto 4, Aimar 5 (Nuno Gomes 6, 70’), Jara 4 e Alan Kardec 4. Treinador Jorge Jesus.

Portimonense

Ventura 7, Ricardo Pessoa 6, André Pinto 6, Rúben Fernandes 6, Ricardo Nascimento 6, Soares 5, Pedro Moreira 5 (André Vilas Boas -, 85’), Elias 6, Lito 5 (Di Fabio 5, 73’), Calvin Kadi 6 (Hélder Castro 5, 62’) e Candeias 6. Treinador Carlos Azenha.

Árbitro

Paulo Baptista 5, de Portalegre.

Amarelos

Roderick (27’), César Peixoto (33’), André Pinto (38’), Soares (84’) e Ricardo Nascimento (89’).

Golos

0-1, por Ricardo Pessoa (g.p.), aos 28’; 1-1, por Nuno Gomes, aos 78’.

Notícia actualizada às 22h53
Sugerir correcção
Comentar