Narcotraficantes evadidos em 18 de Janeiro localizados pela PJ na Apúlia

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Os detidos evadiram-se de uma carrinha celular em Janeiro Rui Gaudêncio (arquivo)

Os dois narcotraficantes que estiveram evadidos durante 58 dias tinham alugado casa na Apúlia, no concelho de Esposende, onde foram recapturados hoje de manhã por elementos da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) e da Directoria do Norte da Polícia Judiciária. Uma das mulheres que estava na residência saiu e, quando abriu a porta, já estava acompanhada pelos investigadores da PJ que puseram termo à fuga de dois dos cinco arguidos em prisão preventiva do inquérito relacionado com a apreensão de 1.700 quilos de cocaína, em Outubro do ano passado.

Segundo revelou ao PÚBLICO uma fonte oficial da UNCTE, o sucesso da operação de localização e recaptura foi facilitado por informações fornecidas aos investigadores daquele departamento por parte da Polícia Federal Brasileira. Embora a evasão de detidos seja da competência da PSP, por iniciativa da direcção da PJ e do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), a UNCTE foi encarregada das investigações.

O cerco começou a apertar-se há cerca de 20 dias, na sequência de informações obtidas, através da cooperação judiciária internacional e de diligências de vigilância no terreno. No domingo passado, um casal com ligações familiares a um dos evadidos desembarcou no aeroporto de Pedras Rubras, nos arredores do Porto, e os seus movimentos foram controlados.

Ontem, quando os responsáveis da UNCTE apuraram a localização exacta dos evadidos, obtiveram logo os mandados de buscas graças à disponibilidade e prontidão revelada por procuradores do DCIAP e pelo juiz Carlos Alexandre, titular do Tribunal Central de Investigação e Acção Penal. O comunicado emitido hoje pela PJ salienta isso mesmo, frisando que, “para o êxito da presente operação foi essencial a excelente articulação e disponibilidade demonstrados pelos magistrados titulares da investigação no DCIAP e TCIC”.

Indocumentados

Os dois narcotraficantes conseguiram conivências e aproveitaram facilidades para neutralizar a acção dos guardas prisionais, quando na tarde de 18 de Janeiro, foram abertas as portas do carro celular que os transportou até ao DCIAP, na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, onde viajava um arguido no mesmo inquérito. Munidos de gás pimenta neutralizaram os guardas e sob ameaça apoderaram-se de uma viatura que mais tarde seria encontrada abandonada.

Ambos conseguiram iludir a intensa acção desencadeada nas horas seguintes à evasão, mas não conseguiram ausentar-se do país por não disporem de documentos. O casal que desembarcou em Pedras Rubras, no passado domingo, trazia elementos destinados à falsificação de documentação.

No Departamento de Investigação e de Acção Penal de Lisboa está pendente um inquérito relacionado com a rocambolesca fuga à entrada do DCIAP, estando ambos os arguidos indiciados por evasão e ofensas corporais aos guardas prisionais. A Direcção-Geral dos Serviços Prisionais já concluiu um inquérito interno, que foi remetido para o DCIAP, relacionado com a fuga, que terá sido facilitada pelo acesso ilícito dos arguidos a gás pimenta e à forma como ambos estavam algemados, com as mãos encostadas à barriga e não atrás das costas, como é aconselhado nas escolas de formação de polícia.

Notícia actualizada às 17h18
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