O pintor belga Luc Tuymans, considerado um dos mais importantes e influentes artistas contemporâneos, veio reivindicar a pintura figurativa e criticar pintores abstraccionistas espanhóis, como Antoni Tàpies. A crítica foi feita no primeiro dia da inauguração de uma retrospectiva da sua obra no Palácio de Belas Artes de Bruxelas (Bozar), segundo avança o jornal espanhol “El Mundo”.

O artista, que afirmou “sou pintor, não sou político e digo o que quero”, acusa Tàpies de “destruir” a tradição da pintura em Espanha e de ser parco em palavras ao definir o conceito da obra de Miquel Barceló, dizendo que “é horrivelmente 'kitsch'”.

As palavras pronunciadas à imprensa na inauguração da exposição revelaram o espírito crítico do pintor que confessou que “o surpreende que a grande inovação da pintura espanhola quase não exista depois de terem existido grandes momentos de inovação”, concluindo que se podem experimentar inovações na pintura “mas não de forma destrutiva como fez Tapiès”.

A situação de instabilidade política que o seu país está a atravessar, a Bélgica, não foi, também, esquecida por Tuymans, que o descreve como um país que se encontra perdido “num buraco negro”. A Bélgica bateu hoje recorde mundial de dias sem governo.

Após uma digressão pelos Estados Unidos, é agora vez de o Bozar apresentar as 73 telas que compõem a retrospectiva de Tuymans e que datam do período entre 1978 e 2008.

Tuymans (n. 1958) é conhecido por espelhar nas suas obras um olhar analítico sobre temas da história contemporânea, tais como o colonialismo, o poder político e o terrorismo, com base em imagens já existentes, nomeadamente recortes de jornais.

Enraizado na tradição flamenca, diz ter influências de mestres como Van Eyck e de pintores espanhóis Goya e Velázquez admitindo que “há mais significado no que é visual do que noutras formas de expressão” e que as suas representações pictóricas baseiam-se em “imagens que o intrigam”.

A exposição “Luc Tuymans: Retrospectiva” estará em Bruxelas até 8 de Maio e contém obras do acervo privado de museus nova-iorquinos, como o Museu de Arte Moderna (Moma) e o Guggenheim.