Capitães deram a Bola de Ouro a José Mourinho

Foto
Mourinho emocionado no momento em que se tornou o primeiro treinador a receber este prémio reuters

O "La Gazzetta dello Sport" enganou-se em toda a linha quando, a 5 de Dezembro, garantiu que os espanhóis Del Bosque e Iniesta iriam receber a Bola de Ouro, respectivamente para treinador e jogador do ano. A gala da FIFA em Zurique serviu sim para consagrar o português José Mourinho e o argentino Messi, que não disfarçou a surpresa. No primeiro ano em que os treinadores foram premiados, Mourinho fez jus ao título de "special one".

O jornal italiano havia anteriormente antecipado com total fiabilidade a lista dos três nomeados para cada um dos dois prémios. Isso deu ainda maior credibilidade à segunda notícia. A tal ponto que Mourinho chegou a reagir com insatisfação, dizendo que se não ganhasse o troféu no ano em que se sagrou campeão europeu e venceu tudo o que havia para ganhar em Itália não sabia quando o poderia ganhar. E torceu ainda o nariz ao facto de uma boa parte dos votantes ser os seleccionadores inscritos na FIFA, facto que indiciava favorecer um Del Bosque acabado de se sagrar campeão do mundo na África do Sul.

Os troféus deste ano tinham ainda como novidade o facto de assinalarem a fusão dos prémios da FIFA com os da France Football. Desta vez, foram chamados a votar não só os 208 seleccionadores e capitães das diversas selecções, mas também os 154 jornalistas e correspondentes que a revista francesa tem espalhados por todo o mundo.

O técnico português acabou por levar a melhor sobre o seleccionador espanhol, mas por uma pequena diferença. Mourinho recolheu 35,92 por cento dos votos, enquanto Del Bosque conseguiu 33,08%. Guardiola registou apenas 8,45%. Um pormenor: Del Bosque teria ganho se só contassem os votos dos seleccionadores (teve mais 1,85% dos votos), apesar de Mourinho ter recebido o máximo dos votos possíveis de Fernando Santos, Henrique Calisto e Paulo Duarte... Mourinho levou claramente a melhor entre os capitães das selecções (mais 4,1%), confirmando-se que a relação com os jogadores está na base do seu sucesso. Entre os jornalistas, houve quase um empate (Mourinho ganhou por 0,57%). Del Bosque não votou em Mourinho; Ronaldo não votou em Del Bosque...

Mourinho não participou na conferência de imprensa que antecedeu a gala. O avião privado que levou a comitiva madridista, incluindo o director-geral Jorge Valdano (que mantém relações pouco afáveis com o português), aterrou demasiado tarde em Zurique. Quem conhece bem Mourinho, não descarta a hipótese de ele ter tentado apurar antecipadamente se iria ou não ser premiado.

O primeiro sinal de que as coisas lhe iam correr bem veio do seu ex-craque no Inter de Milão Sneijder. Quando subiu ao palco para integrar o melhor “onze”, o holandês teve o cuidado de dizer que Mourinho era “o melhor treinador do mundo”. Sentado entre Guardiola e Ronaldo, Mourinho quase chorou. E quando Silvia Neid, que arrebatou o prémio de melhor treinadora enquanto seleccionadora da Alemanha, abriu o envelope onde se anunciava que Mourinho era o mais votado, o português ergueu-se lentamente e foi primeiro cumprimentar os jogadores do Inter e do Real presentes na sala, antes de subir ao palco. “Trabalhei muito para chegar aqui, mas não chego sozinho. Chego com os meus jogadores, com os meus colaboradores, com a força dos que me amam e me esperam para celebrar este momento fantástico”, disse Mourinho, que fez questão de falar em português. Antes, tinha dado os parabéns a dois fantásticos treinadores, “o senhor Del Bosque e o Pep Guardiola”.

A cerimónia acabou por redundar num relativo fracasso para a Espanha. Falhou os principais prémios (Luiz Suárez – em 1960 – continua a ser o seu único jogador premiado) e a Marca titulou na sua edição online que “Messi deixou a Espanha sem a Bola de Ouro”. Os seis espanhóis no “onze ideal” não chegaram para atenuar a frustação.

Veja o vídeo do discurso de MourinhoNotícia actualizada às 23h05
Sugerir correcção
Comentar