Gilberto Madaíl: “Mundial 2018 será um bom negócio”

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Gilberto Madaíl Foto: Nuno Ferreira Santos

Presidente da Federação Portuguesa de Futebol defende que os custos são mínimos, comparados com os do Euro 2004, e que as receitas atingirão centenas de milhões de euros.

Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, garante que a candidatura de Portugal e Espanha ao Mundial de futebol de 2018 está na luta pela vitória na eleição de amanhã, em Zurique, e que, se sair vencedora, será "um bom negócio" para o país. Madaíl defende ainda que Portugal receberá 20 a 21 dos 64 jogos ("próximo do Euro 2004") e que a maior parte dos custos caberá a Espanha.

Quais são as suas expectativas?

Quando partimos para esta candidatura, não fomos para a aventura, desconhecendo o terreno que iríamos pisar. Partimos com bases fiáveis. Não digo bases fiáveis para ganhar, mas bases seguras para lutar pela vitória com as outras candidaturas.


Inglaterra ou Rússia. Qual teme mais?

As duas. Temos sabido menos da candidatura da Rússia e mais da da Inglaterra, por causa das campanhas que não são correctas da imprensa inglesa.


Portugal desta vez não terá de fazer investimentos avultados, mas tem ideia dos custos que caberão ao país?

Os custos que vamos ter são mínimos, comparados com os do Euro 2004. E o retorno vai ser de muitas centenas de milhões de euros, não só do ponto de vista de apoios da FIFA, como também de tudo o que vai ser a promoção do país. É uma excelente operação do ponto de vista económico e financeiro para Portugal. Todas as receitas de bilheteiras, televisão, mesmo dos jogos em Espanha, serão divididas numa relação de 30 por cento para Portugal e 70 por cento para Espanha.


Portugal receberá 20 ou 21 jogos...

Sim. É, mais ou menos, um terço, mas que é próximo dos 31 jogos do Euro 2004. A ideia que tivemos, e pusemos em marcha, é boa. Será um bom negócio se tivermos a sorte de ganhar. Já temos estádios, acessos aos recintos, houve melhoramentos nos aeroportos. O novo aeroporto de Lisboa ou TGV não são decisivos. Estávamos prontos para fazer já o Mundial.


Ganhando, Portugal aparecerá como o parceiro mais pequeno da Espanha. Acha isso prejudicial?

Não. Não temos fronteiras para apresentar candidatura conjunta com mais ninguém. E do que tenho visto na FIFA e UEFA, será um grande prestígio para nós, se a candidatura ibérica vencer. Claro que a maior fatia será para a Espanha, mas os maiores investimentos e custos também são deles.


A candidatura surge num momento de crise...

Mas não é só para nós. O momento também não é de muita folga para a Inglaterra e a Rússia. Não sei que influência vai ter na votação, mas quem vai decidir não deverá ter isso muito em conta. A candidatura é só para 2018.


Mas teme alguma reacção negativa da população portuguesa por haver uma candidatura a um Mundial numa altura de crise?

Não. Porquê, se vamos apresentar três estádios que são dos melhores do mundo e estão preparados? Temos auto-estradas, vias de acesso aos estádios, parques, hotéis, hospitais. Na minha perspectiva, os portugueses devem ficar satisfeitos se a candidatura ibérica vencer. Para além de isto reforçar os laços futebolísticos entre Portugal e Espanha.


Quais serão as principais diferenças face ao Euro 2004?

A principal diferença é que todo o eixo de desenvolvimento será feito de Espanha, mas haverá bases de apoio em Portugal, para poder acompanhar tudo isto. Este Mundial também está pensado para não haver grupos fixos, de modo a que os portugueses possam assistir a jogos do Brasil, Argentina, Inglaterra, etc. Isso permitirá outra maleabilidade. Se fossem fixos, podíamos ter só grupos sem grande interesse.


O segundo jogo do Mundial será onde?

Será provavelmente no estádio de maior capacidade, o Estádio da Luz, onde haverá uma segunda cerimónia de abertura, mais pequena e com menos custos, o que não é inédito, porque já aconteceu no Euro 2008 com Áustria e Suíça.


Uma meia-final será também no Estádio da Luz?

Isso ainda não sei. Ainda vamos definir onde será a meia-final e o jogo do 3.º e 4.º lugares. Mas é uma excelente oportunidade de Portugal participar num grande evento e de ser publicitado a nível mundial.


O Sporting está a ponderar colocar um relvado sintético em Alvalade. Isso é um problema?

Essa questão ainda não se colocou. Mas sabemos que é muito fácil mudar rapidamente um relvado sintético para um relvado natural.


Em algum momento foi ponderado ampliar o Estádio da Luz, como foi pensado aumentar os do Algarve e de Braga?

O Governo disse claramente que não estava disposto a gastar mais em estádios públicos. A nossa linha é não sobrecarregar o Estado e os contribuintes portugueses com mais despesas. Mas se amanhã Benfica, FC Porto ou Sporting resolverem aumentar as suas capacidades, podemos fazer ajustamentos. Mas isso não é fundamental neste momento. O importante é convencer a FIFA de que podemos organizar o melhor Campeonato do Mundo de sempre, até porque somos os únicos que oferecemos toda esta extensão de praia, no Atlântico e no Mediterrâneo.


Mundiais 2018/2022: Candidaturas iniciam hoje as apresentações

Hoje é o dia em que os candidatos ao Mundial 2022 fazem as últimas apresentações. Amanhã será a vez dos aspirantes ao Mundial 2018, Portugal e Espanha incluídos. Austrália, Coreia do Sul, Qatar, Estados Unidos e Japão são os candidatos a 2022 e esta tarde esgotarão os últimos argumentos perante o comité executivo da FIFA. Já Portugal e Espanha terão amanhã de manhã (9h, hora de Lisboa) a última oportunidade de convencer os membros da FIFA, logo a seguir à candidatura da Bélgica e Holanda e antes das candidaturas de Inglaterra e Rússia. A partir da uma da tarde de amanhã, o comité executivo reúne-se para eleger os anfitriões e às 15h serão anunciados os vencedores.

As últimas horas antes da eleição têm sido marcadas pelas acusações de corrupção a três membros da FIFA (por subornos na década de 1990) e pela suspensão de dois dirigentes por oferecem o voto em troca de dinheiro.
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