Morrem cada vez mais peões

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Entre Janeiro e Abril deste ano morreram nos hospitais 275 pessoas em resultado de acidentes de trânsito Daniel Rocha

A nova contabilização de mortes nas estradas – um registo alargado a 30 dias - mostra uma nova realidade: uma grande subida de falecimentos entre os peões, segundo o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).

Falando no II Congresso de Acidentes de Trabalho e Rodoviários, a decorrer em Lisboa, Paulo Marques informou que entre Janeiro e Abril deste ano morreram nos hospitais, segundo o novo modelo, 275 pessoas em resultado de acidentes de trânsito.

No mesmo período, seguindo as anteriores contas que registavam apenas as mortes nos locais dos acidentes e até à entrada no hospital, houve 204 falecimentos.

A nova tabela mostra um aumento de 91 por cento de mortes entre peões (61 pessoas num mês contra 32 em 24 horas), uma subida de 23 por cento entre condutores (163 contra 133) e de 31 por cento entre os passageiros (51 contra 39).

Face a estes números e ao facto de os acidentes acontecerem mais em meio urbano, o responsável sublinhou os atropelamentos, uma realidade que era desconhecida, por não se fazerem contabilizações a um mês.

Também recordou a importância de as autarquias desenharem planos municipais de segurança rodoviária.

Paulo Marques afirmou que, neste momento, os números mostram que se irá falhar o objectivo europeu de reduzir em 50 por cento as mortes em acidentes rodoviários entre 1990 e 2010.

Porém, Portugal já é excepção, ao cumprir a meta no ano passado, isto depois de 1995 estar 105 por cento acima da média da Europa, acrescentou.

Apesar da evolução positiva, o dirigente informou que Portugal tem o dobro dos números registados nos países com menos sinistralidade fatal, como o Reino Unido e a Holanda, defendendo, por isso, mais trabalho para melhorar a situação.

O objectivo nacional até 2015 é “salvar 1350 vidas” e ficar no “top 10” das listas com menos vítimas.

No próximo ano está prevista uma avaliação intercalar da Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária, informou o responsável, para uma eventual redefinição de objectivos e acções.

A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que, na lista de causas de mortes, os acidentes passem de um nono lugar em 2004 para um quinto posto em 2030, em listas sempre lideradas pelas doenças isquémicas do coração.

Os números que Paulo Marques mostrou indicam ainda a predominância de homens entre os condutores mortos entre 2000-2009 (92 por cento contra oito por cento de mulheres). Nas outras áreas de feridos graves, ligeiros e ilesos, o sexo masculino surge sempre também com números superiores em comparação com o feminino.

Entre os grupos etários, são os condutores mais jovens a morrerem em acidentes (entre 20 e 29 anos).

O presidente da ANSR sublinhou que o excesso de álcool aumenta em 10 vezes o risco de acidente e chamou a atenção para os 28 por cento de autópsias de condutores que mostram que estes tinham bebido demais.

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