POSITIVO e NEGATIVO

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Cardozo
Beneficiou da apatia dos defesas, mas os dois golos valeram-lhe a reconciliação com os adeptos. Desperdiçou boas situações, mas trabalhou como nunca e, pasme-se, até ganhou lances em velocidade.

Benfica
O Benfica martelou as calamidades do Sporting à custa deste trio: Carlos Martins, Coentrão e Saviola. O equilíbrio voltou a ser dado por Javi García. Importante foram também as boas defesas de Roberto. Parece reencontrado consigo mesmo.

Liedson
Desta vez não marcou na Luz, mas inventou quase sozinho as únicas situações de perigo criadas pelo Sporting.

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Sporting
Perdeu em todos os capítulos e provou não passar ainda de uma equipa em formação.

Regressou a versão original do Benfica

Sporting sempre mal cosido
Benfica recuperou intensidade a qualidade de jogo
Cardozo ajudou a desequilibrar a balança

Foto
Cardozo foi a figura do jogo Rafael Marchante/Reuters

Regressou a versão original do Benfica de Jorge Jesus e voltou também o Cardozo que faz dos golos o seu modo de vida. O paraguaio marcou os dois tentos do derby lisboeta (2-0) frente a um Sporting que fez um jogo onírico e estranho, como se existisse uma diferença polar entre as duas equipas.

Como um divorciado numa discoteca, o Benfica começou a pressionar no campo todo um Sporting que confunde velocidade com pressa e que abana defensivamente à mínima ventania. À custa disso, o início do jogo foi verdadeiramente eléctrico e, como os carteiristas no metro, há jogadores que se sentem confortáveis e no seu meio ambiente quando o jogo é feito de repelões. É o caso de Cardozo.

Aos cinco minutos, rodou sobre o adversário e rematou ao poste. Não tinham ainda passado 60 segundos quando o paraguaio chegou uma unha negra atrasado a um centro de Carlos Martins. E, aos 13’, no primeiro canto do jogo, acabou mesmo por marcar, num lance em que ficou com a baliza à sua mercê após algumas carambolas.

Com as bancadas cada vez mais em combustão, o Benfica continuou respeitoso com a melhor liturgia de Jorge Jesus e o Sporting, ao contrário, estava como um catequista num bordel, incómodo e vivendo um martírio para se manter dentro do jogo. Depois do triunfo em França, a equipa de Alvalade voltou à terra. Sobram-lhe valores para ganhar eleições na Intersindical (igualdade, solidariedade, trabalho), mas faltam-lhe argumentos futebolísticos.

Paulo Sérgio só manteve dois dos que tinham batido o Lille (Carriço e André Santos), mas vários dos titulares provaram não merecer a confiança. Pior do que isso, o regresso ao esquema com um duplo pivot (Maniche e André Santos) voltou a deixar a equipa desequilibrada, falha de ideias e disposição, enfim, um verdadeiro caramelo. Culpa principalmente de Djaló, que não defendia nem atacava no corredor direito, e de Matías Fernández, que devia funcionar como principal apoio de Liedson e andou sempre perdido e fora do jogo. No papel, o Sporting até parecia ter mais gente no miolo, mas era pura ilusão.

Jorge Jesus deixou Gaitán no “banco”, preferindo adiantar Coentrão e colocar César Peixoto a defesa esquerdo. E mesmo sem Aimar nas melhores condições físicas, no Benfica voltou a soar a orquestra e os violinos combinaram novamente bem com os percussionistas. Neste último lote, Javi García voltou a ser o jogador determinante da época passada e fazia luzir as pinturas de guerra em cada acção. Mais à frente, Saviola ajudava à festa, com pequenas diagonais, como no lance em que deu um nó cego a Nuno André Coelho, valendo Rui Patrício ao Sporting.

O Benfica baixou o ritmo no segundo tempo, mas manteve-se fiel ao seu estilo, já com Ruben Amorim no lugar de Aimar (Carlos Martins passou para o meio). E chegou ao 2-0 logo aos 49’, novamente por Cardozo, que neste domingo até parecia um jogador rápido ao lado dos defesas do Sporting.

O lance teve a mestria de Saviola, mas também mais um disparate de Nuno André Coelho e uma estirada algo defeituosa de Patrício. A passividade da defesa leonina só não trouxe logo a seguir maiores prejuízos porque Coentrão, após centro milimétrico de Ruben Amorim, não conseguiu evitar Patrício, desta vez muito ágil.

Seguiu-se um pequeno período em que o Sporting mostrou alguma ordem e o árbitro marcou mal um fora-de-jogo num lance em que Liedson começou a travar (e a perder) o duelo com Roberto, que aos 89’ fez um majestoso voo para estragar a média de golos do luso-brasileiro na Luz.

Pelo meio, Paulo Sérgio tinha feito entrar Vukcevic, Portiga e, mais tarde, também Saleiro. Mas Jorge Jesus soube gerir a situação e Cardozo esteve muito perto de fazer o hat-trick. Aos 73’, após mais um duplo erro de Patrício e Nuno André Coelho, o paraguaio não acertou com o alvo e, no minuto seguinte, após centro teleguiado de Coentrão, cabeceou alto. O Benfica regressou. Contem com ele.

Ficha de jogo

Benfica 2
Sporting 0

Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa. Assistência 51 899 espectadores.

Benfica

Roberto 7, Maxi Pereira 6, Luisão 6, David Luiz 6, César Peixoto 6, Javi Garcia 7, Carlos Martins 7 (Jara -, 86’), Aimar 5 (Ruben Amorim 6, 46’), Fábio Coentrão 7, Saviola 7 (Airton -, 80’ e Cardozo 7. Treinador Jorge Jesus

Sporting

Rui Patrício 6, João Pereira 6, Carriço 5, Nuno André Coelho 4, Evaldo 4, André Santos 4 (Saleiro 5, 73’), Maniche 5, Matias Fernández 4 (Hélder Postiga 5, 59’), Valdés 5, Yannick 4 (Vukcevic 5, 59’) e Liedson 6. Treinador Paulo Sérgio

Árbitro Carlos Xistra 5, de Castelo Branco. Amarelos Javi Garcia (8’), Valdés (21’), Maxi Pereira (33’), Fábio Coentrão (44’), Ruben Amorim (71’), Hélder Postiga (90’), Airton (90’) e César Peixoto (90+3’).

Golos

1-0, por Cardozo, aos 13’ e 2-0, por Cardozo, aos 50’.

Notícia actualizada às 23h09
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