Queiroz: “Se a questão fosse dinheiro, já teria havido uma solução”

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Carlos Queiroz queixou-se de ter sido condenado pela "justiça governamental" Pedro Cunha (arquivo)

O seleccionador nacional de futebol, Carlos Queiroz, deixou claro nesta terça-feira que não está disponível para rescindir de forma amigável o contrato que o liga à Federação Portuguesa de Futebol (FPF). “Não admito sair da FPF com o meu nome manchado na honra e reputação. Se a questão fosse dinheiro, já teria havido soluções nos bastidores e as coisas tinham sido resolvidas”, disse Queiroz, em entrevista à SIC.

O técnico não quis confirmar se já foi lhe proposta uma rescisão amigável (“não vou responder se já houve tentativas”), mas deixou no ar que não aceitou nenhum acordo. “A honra não se paga. Não se brinca com a honra das pessoas”, disse o seleccionador, que está a cumprir uma suspensão por um mês e foi ontem condenado pela Autoridade Antidopagem de Portugal (Adop) a cumprir mais seis meses de suspensão.

Sublinhando que “não está em causa o dinheiro” e que, antes deste caso, o lugar esteve sempre à disposição de Gilberto Madaíl, presidente da FPF, Queiroz argumentou que está a defender a honra e reputação: “Isto pode manchar toda a minha vida profissional.”

O seleccionador, por outro lado, recusou dizer se se sente alvo de alguma “tramóia”, mas deixou críticas ao comportamento da Adop e da secretaria de Estado do Desporto. “Agora é a justiça governamental, que ninguém sabe como funciona. As pessoas que me acusaram e puseram [o tema] na praça pública, condenam-me a seis meses [de suspensão] em causa própria e sem me ouvirem”, queixou-se Queiroz, afirmando mesmo que a “Adop atropelou uma decisão do Conselho de Disciplina”. O secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, recusou comentar estas palavras.

Queiroz disse ainda que foi alvo de um julgamento “sumário”. “O mundo caiu em cima de mim quando aterrei no aeroporto de Lisboa [após as férias, no fim do Mundial 2010]. Até eu votava contra mim. Estava acusado de cometer uma infracção e falava-se em despedimento”, disse o técnico.

Sobre a frase que proferiu na Covilhã e que deu origem a este processo (“Por que é que estes gajos não vão fazer um controlo para a c... da mãe do Luís Horta?”), o treinador admitiu ter sido “deselegante”, mas insistiu na tese já apresentada na sua defesa: que se tratou de um desabafo, por se ter sentido impotente para convencer os médicos da brigada antidoping a adiarem o controlo até ao momento em que os jogadores acordassem.

O técnico lembrou ainda que a 14 de Julho recebeu um voto de confiança da direcção da federação e defendeu que no final deste caso terá “todas as condições” para continuar no cargo.

Queiroz, que vai ver os jogos da selecção frente a Chipre e Noruega a custas próprias, não quis, por outro lado, revelar que grau de influência tem nas decisões que estão a ser tomadas por Agostinho Oliveira, o adjunto que assumiu o comando da selecção durante a suspensão do seleccionador.

Queiroz, entretanto, aguarda a notificação da Adop para recorrer ao Tribunal Arbitral do Desporto e tem seis dias para apresentar defesa, num outro processo, aberto pelo Conselho de Disciplina na sequência da entrevista ao Expresso, em que disse que “Amândio de Carvalho [vice-presidente] decidiu pôr a sua cara na cabeça do polvo.”

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