Sp. Braga já está no pódio do campeonato

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Sílvio festeja o seu golo Rafael Marchante/Reuters

Um golo de Sílvio contra o Marítimo foi o suficiente para o Sporting de Braga regressar às vitórias no campeonato português.

Dois, três segundos antes de a bola entrar na baliza de Marcelo já toda a gente no estádio sabia o que ia acontecer. Foi o primeiro golo de Sílvio no campeonato, mas parecia um daqueles filmes de domingo à tarde com argumentos “fast-food” e com diálogos que muita gente já decorou. Sp. Braga 1, Marítimo 0. Via-se logo. O remate de Sílvio já estava lá dentro mesmo antes de entrar.

Aconteceu numa tarde preguiçosa em que o sol pedia cerveja fresca e um jogo de futebol refrescante. As duas bancadas do estádio estavam preparadas para algo que durante 44 minutos não aconteceu. Parecia que o Sp. Braga tinha deixado em Sevilha a capacidade felina que o levara à Liga dos Campeões – e não estamos só a falar da meta cortada na cidade espanhola.

O Marítimo, malha curta, sabia o que o esperava no Minho. E esse começa a ser um dos grandes inimigos da equipa de Domingos Paciência. Não o Marítimo em particular, mas o passado da sua própria equipa, o cartão-de-visita que o treinador andou a espalhar no último ano. Pode ser uma condição efémera, mas não há como negar que, neste momento, o Sp. Braga é um grande. E isso não é segredo para ninguém.

Durante entediantes minutos, o Sp. Braga sentou-se na sua cadeira de baloiço no alpendre. Van der Gaag tentou desequilibrá-la sem sucesso. O jogo não tinha uma única história para contar (a não ser a titularidade de Lima no lugar de Luís Aguiar, troca que durou até ao minuto 67’) e arrastava-se como alguém perdido no deserto com o cantil furado. Sílvio tentara de longe (23’). Lima, a dois passos da marca de grande penalidade, rematara torto uma bola redonda (40’). Todos esperavam ainda um momento digno de uma equipa com cabeça, tronco e membros.

Sílvio, felino, abreviou-o. Disfarçou-se na savana, esgueirou-se contra o vento. Quando avançou para a área a passos largos já sabia o que queria. Queria a bola, queria desviar-se dos obstáculos, apontar e disparar como uma injecção de adrenalina. Foi de longe o melhor de um jogo que rapidamente assumiu as suas posições originais: sol, preguiça, tronco nu e uma cerveja.

Se o Sp. Braga não parecia o autêntico Sp. Braga, o Marítimo disfarçava as limitações de um início de campeonato de fraca memória. Era preciso aproveitar a moleza do adversário, mas até para isso é necessário mais do que intenção. Não basta partir para o contra-ataque. É preciso saber como agilizar as peças quando se chega ao território inimigo. Não basta trocar a bola com certezas. Tem que haver referências no ataque. O remate de Rafael Miranda (71’) não chega. O mergulho de Kanu, bem para lá dos 90 minutos, podia ter chegado para provar que um jogo de futebol será sempre um jogo de futebol. Mas o lance, bem invalidado por fora-de-jogo, teria retirado algum brilho ao jogador que mais mereceu brilhar – o futebolista da Liga portuguesa que actualmente mais enche as medidas a José Mourinho. Sílvio.

POSITIVOGolo

Só não foi uma tarde de Verão perdida por causa de Sílvio. O seu golo tem tanto de simples como de genial.


NEGATIVOJogo

Os adeptos que se deslocaram ao estádio sob um sol abrasador mereciam outro tratamento. O Sp. Braga esteve demasiado tempo à sombra, sentado na cadeira de baloiço a pensar no dia em que se estreará a sério na Liga dos Campeões. A equipa de Domingos Paciência já devia saber que é preciso suar para se chegar lá.


Jogo no Estádio Municipal de Braga.Assistência 13.820 espectadores.

Sp. Braga

Felipe 6, Sílvio 7, Moisés 6, Rodriguez 6, Elderson 6, Vandinho 6, Salino 6, Alan 5, Paulo César 6 (Hélder Barbosa 5, 74’), Matheus 5 (Elton 5, 66’) e Lima 5 (Luís Aguiar 4, 66). Treinador Domingos Paciência.

Marítimo

Marcelo 6, Ricardo Esteves 5, João Guilherme 5 (Roberge 6, 46’), Robson 6, Alonso 6, Roberto Sousa 5, Rafael Miranda 6, Danilo Dias 5, Djalma 5 (Cherrad 6, 58’), Marquinho 5 (Kanu 6, 66’) e Babá 5. Treinador Mitchell Van der Gaag.

Árbitro

Duarte Gomes 5, de Lisboa. Amarelos Paulo César (11’), Alonso (35’), Ricardo Esteves (38’), Sílvio (48’), Vandinho (57’), Kanu (90’+3’).

Golo

1-0, por Sílvio, aos 45’.

Notícia actualizada às 20h37
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