Novo Plano Nacional de Saúde quer doentes mais activos na adopção de comportamentos saudáveis

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As autoridades de saúde querem um modelo mais centrado no doente e menos no médico Enric Vives Rubio

O novo Plano Nacional de Saúde (PNS) para 2011-2016 pretende evitar “falhas” antigas, abandonar uma prestação de cuidados demasiado centrada no médico e capacitar o doente para ser mais activo na adopção de comportamentos saudáveis.

Um dos problemas detectados no PNS que agora cessa relaciona-se com “falhas de alinhamento das estratégias nacionais e regionais”, que a preparação do novo plano pretende evitar, explicou a alta comissária para a Saúde.

Maria do Céu Machado, que hoje participou em Coimbra no Fórum Regional de Saúde do Centro, para recolher contributos para o PNS, realçou que há assimetrias que terão de ser tidas em conta e que poderão ditar que certas opções tenham sentido num contexto e sejam desajustadas noutro.

“Consideramos que a forma de executar um plano nacional com ganhos verdadeiramente para todos é construir ao mesmo tempo, de forma alinhada, o plano de cada região - os cinco planos - com o plano nacional”, sublinhou.

No novo PNS uma forte aposta passa pela “capacitação do cidadão”, de modo que este aumente a literacia em saúde, para saber que tem direitos e obrigações em relação à própria saúde e para “perceber que a doença pode ser o resultado de uma opção errada que fez para si próprio”.

Um outro problema detectado, e que exige uma “alteração de cultura”, é o de que a saúde “está muito centrada no médico”.

“A saúde é muito mais do que tratar da doença e é muito mais do que médico e enfermeiro. Temos de pôr todos os profissionais de saúde a trabalhar em equipa sabendo exactamente qual é o papel de cada um e quando é que tem de passar para o nível a seguir”, defendeu a responsável.

É preciso “pensar de forma mais alargada”, abrangendo o farmacêutico, o psicólogo, o técnico de serviço social e outros técnicos de saúde.

Maria do Céu Machado advoga uma “medicina de proximidade”, em que o técnico de saúde vai ao encontro do doente, e uma “medicina oportunista”, em que se aproveita o momento em que o doente procura o centro de saúde para lhe aumentar o conhecimento e para o sensibilizar para comportamentos saudáveis.

Para a alta comissária da Saúde, a capacitação dos cidadãos, a educação para a saúde, tem de começar na escola, “mas com programas interessantes”, mas pode também assumir a forma de campanhas ou de sites.

Maria do Céu Machado citou como exemplo um programa que o Alto Comissariado iniciou recentemente no Algarve e que se estenderá brevemente ao Norte e Centro, que consiste na instalação de monitores em salas de espera dos centros de saúde e hospitais, onde são difundidas informações.

Jorge Simões, coordenador do PNS, outro dos participantes na sessão de Coimbra, afirmou que uma das estratégias mais importantes adoptadas para o novo plano foi o “envolvimento dos actores”, da sociedade e das entidades.

Maria do Céu Machado revelou que em breve tenciona colocar algumas partes do novo PNS à discussão pública e espera tê-lo concluído para aprovação em Conselho de Ministros em final de Outubro ou princípio de Novembro.

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