Uzbequistão fechou fronteira aos refugiados do Quirguistão

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Muitos uzbeques fugiram do Quirguistão. O Uzbequistão encerrou agora a fonteira Reuters

O Governo interino do Quirguistão anunciou ter detido uma “conhecida personalidade” suspeita de fomentar cinco dias de agitação que já mataram pelo menos 124 pessoas e obrigaram cerca de 100.000 a fugir para o vizinho Uzbequistão.

A detenção teria sido feita em Jalalabad, mas não se especificou a identidade da pessoa em causa, aparentemente um partidário do ex-Presidente Kurmanbek Bakiev, derrubado em Abril e que tem vindo a ser acusado de estar na origem da maior vaga de violência dos últimos 20 anos naquele país da Ásia Central.

Kubatbek Baibolov, comandante em Jalalabad, afirmou na televisão que partidários e parentes do antigo Presidente exilado na Bielorússia estão a tentar a reconquista do poder.

O Uzbequistão ordenou hoje à tarde o encerramento da sua fronteira com o Quirguistão, por não poder receber mais pessoas de entre a mole imensa que está a procurar fugir ao caos e à carnificina.

ACNUR envia ajuda

“Hoje vamos deixar de permitir a entrada de pessoas, porque não temos lugar para as acomodar”, disse o vice-primeiro-ministro uzbeque, Abdullah Aripov.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) anunciou estar a preparar o envio de equipas e de ajuda de emergência para as zonas do Uzbequistão aonde têm estado a afluir os que fogem das regiões mais conturbadas.

A violência étnica entre a maioria quirguize e a minoria uzbeque começou na quinta-feira da semana passada, andando grupos armados com espingardas automáticas, barras de ferro e machados a incendiar casas e estabelecimentos.

As autoridades interinas têm sido incapazes de controlar o Sul do país, separado do Norte por montanhas, e por isso pediram à Rússia que lhe envie tropas. Mas Moscovo tem estado a ponderar muito bem o assunto, não se querendo precipitar.

O Governo interino de Roza Otunbaieva enviou para o Sul uma força de voluntários e deu às tropas ordem de atirar a matar sobre os agitadores, numa altura em que para além dos mortos nas cidades de Osh e de Jalalabad também há mais de 1.500 feridos.

Moscovo enviou pelo menos 150 pára-quedistas para proteger as suas instalações militares no país, enquanto procede a consultas com outras antigas repúblicas soviéticas sobre a eventualidade de uma maior intervenção.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, declarou-se alarmado com a escalada da violência e destacou um enviado para a capital quirguize, Bishkek.

Se bem que os uzbeques sejam apenas 14,5 por cento da população total do Quirguistão, as duas etnias têm comunides quase idênticas nas regiões de Osh e Jalalabad, tendo o êxodo destes últimos dias sido um dos maiores de que há memória no vale de Fergana.

Zhalalidin Salakhuddinov, líder da comunidade uzbeque, ampliou os números oficiais, dizendo que já foram enterrados pelo menos 200 mortos, pelo que o número de baixas seria muito maior do que tudo aquilo que tem vindo a ser anunciado.

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