Vulcanólogo português diz que houve exagero no encerramento do espaço aéreo

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Victor Hugo Forjaz diz que houve falta de contacto com os especialistas Reuters

O vulcanólogo Victor Hugo Forjaz, do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores, diz que houve exagero no encerramento do espaço aéreo europeu por causa da nuvem de cinzas oriunda da Islândia e fala mesmo num “estardalhaço” montado em consequência da precipitação de pilotos, da meteorologia e dos aeroportos.

“Houve exageros em segurança, exageros em dispersão das cinzas, de tal maneira que algumas companhias decidiram, com os aviões vazios, fazer voos experimentais que deram resultados positivos. Isto mostra que, se calhar, provavelmente, houve exageros profissionais perante a falta de conhecimentos de algumas equipas”, disse o especialista à Rádio Clube, sublinhando que as pessoas não foram incompetentes mas que exageraram nas medidas adoptadas. “Não estou a dizer que as pessoas foram incompetentes. O que digo é que perante um novo cenário meteorológico reagiram por cima, com altos coeficientes de segurança, quando os podiam ter reduzido”, frisou.

Questionado sobre se deveria ter existido um maior contacto e intercâmbio de conhecimentos com os especialistas que acompanham o fenómeno dos vulcões, Victor Forjaz não teve dúvidas em afirmar que esse foi o ponto central da questão. “Houve uma falta de diálogo, ao fim e ao cabo. A prova é que um dos especialistas que está no terreno, um professor Rusmunssen, da Islândia, que é um dos chefes da operação que está a acompanhar o fenómeno, confirmou que estava muito admirado com todo este aparato europeu. Não há dúvida nenhuma que os ventos deveriam ir mais para Norte e então estas cinzas teriam percorrido um corredor um tanto mais a Norte e que não atingiria o coração da Europa”.

Quanto às medidas que foram adoptadas pela aviação, não tem também dúvidas em afirmar que houve e ainda há um enorme exagero. “O próprio professor islandês, de uma maneira muito frontal e directa, admirou-se de todo este estardalhaço quando, se calhar, isto deveria ter sido estudado com mais calma e mais serenidade”, disse. “Os pilotos, a meteorologia, os aeroportos e a falta de experiência em medir poeiras vulcânicas em suspensão conduziram a este exagero. Eu estou convencido que houve, e ainda há, exageros”, conclui.

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