Klaus critica défices excessivos e Cavaco sublinha sinais positivos

Václav Klaus não podia ter sido mais assertivo, ao afirmar que os governantes que “admitiram” o desequilíbrio das contas públicas têm de assumir todas as responsabilidades.

Numa conferência de imprensa conjunta, no Castelo de Praga, onde fica situado o palácio presidencial, Václav Klaus e Cavaco Silva responderam num tom muito diferente à questão sobre a possibilidade de uma recuperação rápida para os países que apresentam um défice excessivo. Klaus foi assertivo, Cavaco mais cauteloso.

Klaus, um eurocéptico, chefe de Estado de um país que prevê para este ano um défice de 5,3 por cento, evocou as suas experiências como ministro das Finanças e primeiro-ministro para dizer que lhe parece algo “inimaginável que alguns países europeus possam admitir determinados défices”.

“Como ministro das Finanças ou primeiro-ministro nunca admitiria isso”, frisou, apontando depois a necessidade de responsabilização: “Aqueles que aceitaram isso, agora terão de suportar as consequências do seu acto”.

Cavaco Silva (“que poderá ser amável”, notou Klaus) ressalvou que responderia como Presidente da República e, para além de ter sido mais cauteloso, manifestou algum optimismo. “Neste momento surgiram já alguns sinais positivos de recuperação económica na União Europeia, embora essa recuperação seja ainda um pouco tímida”, disse.

O reequilíbrio das contas públicas portuguesas, explicou o Presidente, vai depender “do comportamento das economias para as quais exportamos bens e serviços e das quais recebemos os turistas que nos visitam”.

Cavaco reiterou ainda a necessidade de estabilizar a situação da Grécia, alertando para os perigos de “contágio” para países como a Irlanda, Portugal e Espanha. Por isso, salientou, atribui importância à “expressão concreta de solidariedade europeia manifestada em relação à Grécia”.

No segundo dia da visita de Estado à República Checa, o Presidente reuniu-se com Václav Klaus, estando ainda previstos encontros com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.

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