As Ervas Daninhas

Nas listas francesas dos melhores filmes do ano transacto, "Ervas Daninhas" aparecia obsessivamente e percebe-se agora porquê: Resnais parece arriscar tudo, desde a dimensão do cinema como jogo que esboçou em "Marienbad" e reformulou em "Smoking/No Smoking", até à genial irrealidade do uso de efeitos, sem que o labirinto das paixões e da ilusão se perca por um instante.

Pode até preferir-se uma outra dimensão mais "séria" que passa pela temporalidade ferida de morte de "Muriel" ou "Je T''Aime, Je T''Aime", mas não pode negar-se-lhe o engenho e arte de transformar as formas fílmicas em supremo artifício de não fingir o que finge tão completamente. E, se concordamos com a existência de um impulso auto-destrutivo, ele existe sempre em função de um construtivismo novo e pulverizador de toda e qualquer hipótese de narrativa linear: o gosto pelo folhetinesco aparece paredes-meias com a sublimidade da invenção radical como fim em si. Um exercício de estilo autocitacional? Talvez, mas que prodigioso exercício!...

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