Um lugar para viver

Já se tinha percebido, pelos limites de "Revolutionary Road", que Sam Mendes dificilmente conseguiria voltar a atingir as grandezas de "Beleza Americana", a muitos níveis um filme em estado de graça.

No entanto, "Um Lugar para Viver" cumpre os objectivos a que se propõe: um inteligente exercíciosobre as angústias quotidianas, encenado com rigor e com aquela precisão quase de marcação teatral, que constitui a grande imagem de marca do realizador. Oscilando entre um tom dramático e uma componente de alívio cómico, em doses equilibradas, o filme constrói personagens complexas (excelente direcção de actores) e resiste às facilidades de um registo patético, em que poderia cair, ao optar pelasaventuras e desventuras de um casal à procura de um ideal "lugar ao sol". Falta talvez o cinismo lúcido de "Beleza Americana", mas sobra a capacidade de narrar as pequenas surpresas de um microcosmos de reconhecível verosimilhança.

Sugerir correcção
Comentar