As Ervas Daninhas

Jogo perigoso, o de Alain Resnais: como se, adepto da narração labiríntica e/ou folhetinesca (de "Hiroxima" aos "Corações", isto sempre esteve nele), enfrentasse frontalmente (para os "desviar", para os "subverter", para os "homenagear" - as expressões, no caso, equivalem-se) os grandes modelos contemporâneos desse tipo de construção narrativa - as séries americanas, de que Resnais tantas vezes se tem dito adepto.

A novidade das "Ervas Daninhas" é que desta vez se acrescenta ou parece acrescentar (desenfreadamente) um confronto com estereótipos visuais - aquela fotografia cheia de filtros, aquela imagem mais do que "limpa", "asséptica", aqueles ralentis (por exemplo, a mala de Sabine Azéma a voar) que parecem responder a uma imagem publicitária. Grande "cocktail", portanto: engenhoso e brilhante, mas também um nadinha auto-destrutivo (à força de irrisão em nome próprio), sem a "gravitas" de "Corações".

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