Pesadelo em Londres: game over portista

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Bendtner bateu Helton três vezes esta noite Foto: Eddie Keogh/Reuters

Qualquer semelhança entre as últimas deslocações do FC Porto a Londres não é pura coincidência. Como na última época, os portistas foram à capital inglesa e sairam goleados.

Se na última temporada foram quatro golos, agora a segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões acabou na maior goleada dos portista na prova: 5-0. A Champions termina para os “azuis e brancos” da pior maneira e Jesualdo Ferreira começa a ver fugir-lhe o tapete.

Em pouco mais de três semanas Jesualdo Ferreira hipotecou todas as fichas que tinha para jogar. Num clube onde a exigência obriga, a nivel interno, a vencer tudo, ver a hipótese da conquista do penta reduzida a uma miragem coloca a época “azul e branca” à beira do desastre. Somando a isso a possivel ausência da próxima Liga dos Campeões deixava o treinador sem saída.

Não será a conquista de qualquer outra taça interna a salvar a face a Jesualdo. Só levando os portistas, como fizeram no passado Artur Jorge e Mourinho, aos jogos decisivos da Champions podia evitar que o FC Porto 2009/10 não ficasse na história como um bluff. Após a exibição e o desfecho final da eliminatória de ontem, Jesualdo arrisca-se a receber o Razzie (o prémio atribuido aos piores do ano no cinema) de pior realização do ano.

A “primeira vez” de Jesualdo na capital inglesa voltou a estar muito longe de acontecer e, no curriculo do treinador portista, consta agora uns números bem redondos no Emirates Stadium: Três jogos, três derrotas, 11 golos sofridos, zero golos marcados.

Antever o que pode ser um jogo do FC Porto começa a ser um exercício mais complicado do que ir ao mercado de Berwick Street escolher um bom melão. Os portistas passam do súblime (5-1 ao Sp. Braga) para o paupérrimo (derrota em Alvalade e empate frente à Olhanense). Ontem, em Londres, tirando os primeiros quinze minutos da segunda parte, voltou a ver-se em campo um FC Porto mediocre e macio. Um flop.

Já se sabia que não havia Fernando, mas lembrando uma opção (falhada) do passado de António Oliveira em Manchester, Jesualdo inventou: Tomás Costa nem no banco se sentou; Nuno André Coelho foi colocado à frente dos canhões a dar o corpo às balas dos gunners. O jovem portista aguentou 45’ em campo e saiu ao intervalo pela porta pequena.

Os dois portistas que na véspera do jogo fizeram a antevisão da partida, acertaram em cheio: Jesualdo sabia que o FC Porto teria que marcar golos; Ruben sabia que o Arsenal ia entrar forte.O descalabro de Jesualdo & companhia demorou apenas 10 minutos e, logo aí, Fucille (razzie de pior actor principal) deu nas vistas: Nasri desmarcou Arshavin e o defesa uruguaio atropelou Helton.

Bendtner, que nos últimos dias chegou a ser ridicularizado pela imprensa inglesa, iniciou aí a sua noite de glória. Reacção portista? Nem vê-la! Mais 15 minutos e de novo o gigante dinamarquês (só tinha quatro golos nos 18 jogos anteriores da prova) faz o 2-0 após novo erro de Fucille e assistência de Arshavin. Os portistas pouco mais do que bombear bolas para a área após a marcação de cantos conseguiam fazer.

O início do segundo tempo, já sem André Coelho (razzie de pior actor secundário), até deu ideia que podia ser possível o FC Porto fazer algo mais. Durante 15 minutos, Almunia viu a bola rondar a sua baliza várias vezes e aos 54’ Falcao teve nos pés a melhor ocasião dos portistas. Mas aos 63’, Nasri entrou na área, deu espectáculo, fintou quem lhe apareceu à frente e fez o 3-0.

Eboué (com a passadeira estendia por Arshavin), fez o 4-0 três minutos depois e a eliminatória acabou aí para o FC Porto. O hat trick de Bendtner, de penalidade no último minuto, selou a humilhação final – estava igualado o desaire do FC Porto no campo do PSV Eindhoven, também por 5-0, em 1988/89, na Taça dos Clubes Campeões Europeus.

Game over: acabou a Liga dos Campeões para o FC Porto.

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