Família comunicara “radicalismo” de Abdul Mutallab às agências de segurança

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relatou ter recebido treino e materiais explosivos de terroristas ligados à Al-Qaeda que vivem no Iémen REUTERS

“Preocupado com o desaparecimento e a ausência de comunicação, o pai [de Abdul Mutallab] comunicou o que se passava às agências de segurança da Nigéria há uns dois meses e também a algumas agências de segurança estrangeiras há um mês e meio”, é explicado num comunicado enviado pela família do suspeito bombista aos media do país.

Ali, os familiares de Abdul Mutallab, de 23 anos, avançavam ainda que o desaparecimento constitui um “desenvolvimento recente” e “totalmente estranho ao seu comportamento normal”.

O nigeriano foi acusado pelas autoridades norte-americanas de tentar fazer explodir o voo da Delta-Northwest Airlines entre Amesterdão e Detroit, no dia de Natal, e permanece ainda hospitalizado em Ann Arbor devido a queimaduras na perna que sofreu quando tentou accionar o engenho explosivo que transportava e foi impedido por outros passageiros e membros da tripulação do avião. O voo 253 levava quase 300 pessoas a bordo.

Alegadamente, em interrogatório com agentes do FBI, Abdul Mutallab relatou ter recebido treino e materiais explosivos de terroristas ligados à Al-Qaeda que vivem no Iémen, pais com reputação de albergar terroristas. Esta pista está a ser analisada pelas autoridades dos Estados Unidos, assim como pela polícia do Reino Unido, onde o suspeito residiu no ano passado quando estudava engenharia.

Filho de um respeitado antigo banqueiro, Abdul Mutallab é oriundo de um ambiente muito privilegiado no mais populoso país da África, onde a maior parte dos seus 140 milhões de cidadãos vive com menos de dois dólares por dia. Estudou num colégio interno britânico em Lome, no Togo, antes de prosseguir para Londres onde se manteve inscrito como aluno da University College até Junho de 2008.

Depois disso terá feito duas viagens ao Iémen, para ingressar em cursos de curta duração de árabe e cultura islâmica, de acordo com amigos da família em declarações aos media nigerianos. Terá viajado posteriormente para o Egipto e daí para o Dubai, onde cessaram os contactos com a família, que começara então a ficar “consternada” com as “opiniões religiosas radicais” expressas por Abdul Mutallab.

Possível cúmplice

Uma nova achega à investigação foi dada já esta manhã pela polícia militar holandesa, que revelou estar a estudar a possibilidade de Abdul Mutallab ter tido um cúmplice, conforme fora apontado por testemunhas a bordo do avião.


“Estamos a tentar confirmar todas as pistas e informações”, afirmou o porta-voz da polícia holandesa, citado pela agência noticiosa britânica Reuters, avançando que estão a ser visionadas as gravações de vídeo e outras pistas para determinar se há indícios sustentando a tese da existência de um segundo terrorista.

O casal de norte-americanos Kurt e Lori Haskell contou ter visto um homem na casa dos 50 anos e bem vestido a falar com o suspeito na manhã de sexta-feira no terminal do Aeroporto de Schiphol, em Amesterdão, onde se dera a ligação do voo originário em Lagos, na Nigéria.

Segundo estas testemunhas, o homem não identificado tentara que Abdul Mutallab conseguisse embarcar no avião na capital holandesa sem passar pelo controlo de passaporte – algo que, de resto, já fora confirmado pelo polícia militar daquele país, apesar de ser então sublinhado que em alguma altura o nigeriano tivera que apresentar aquele documento durante o processo de embarque.

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