Seis palestinianos mortos em Gaza e na Cisjordânia

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Um palestiniano rezava ontem na Faixa de Gaza, um ano após os confrontos que fozeram 1400 mortos entre os palestinianos e 13 entre israelitas Yannis Behrakis/Reuters

Três dos mortos pertencem à Fatah, facção do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, e a acção israelita pode pôr em causa a relativa calma dos grupos palestinianos na Cisjordânia, além de prejudicar a Fatah na sua rivalidade com o Hamas. Tudo isto quando se assinala, hoje, um ano sobre a ofensiva israelita em Gaza.

Quanto às mortes de ontem na Cisjordânia, Israel diz que os homens da Fatah estiveram por trás do assassínio de um colono judeu, morto numa emboscada na quinta-feira perto de Nablus. Ontem, soldados israelitas, com base em informações dos serviços secretos, cercaram a casa e mataram os combatentes das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, grupo com ligações à Fatah. Um porta-voz afirmou que os homens estavam armados, embora admitisse que não tentaram disparar antes de serem atingidos.

As famílias que testemunharam a morte - a mulher de um dos combatentes ainda ficou ferida - dizem que os homens foram executados. O mesmo considerou a associação israelita de defesa dos direitos humanos, B'Tselem.

Os assassínios - do colono e dos palestinianos - marcam o final de um período de relativa calma na Cisjordânia. O grupo que levou a cabo o ataque contra o colono ameaçou repetir a acção. A Fatah ficou numa situação frágil e muitos palestinianos questionavam por que razão Israel não tinha pedido às forças de Abbas para deter estes homens.

Força ao Hamas

Mais de dez mil palestinianos assistiram aos funerais e prometeram protestos pela morte dos três homens, pondo a hipótese de levar a cabo uma greve geral. O ataque pode, sublinha a Reuters, dar mais força ao Hamas, desequilibrando a situação e prejudicando a popularidade da Fatah.

Ontem ainda, três palestinianos foram mortos por suspeita de tentarem infiltrar-se em Israel, segundo uma porta-voz militar israelita. Uma fonte do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, afirmou que os três foram mortos de madrugada, e que seriam civis que recolhiam pedaços de metal numa zona industrial perto da barreira entre Israel e o território.

Nabil Abu Rudeina, porta-voz de Abbas, acusou Israel de inflamar a tensão e tentar impedir a progressão de esforços de paz liderados pelos Estados Unidos. As conversações de paz foram interrompidas na sequência da ofensiva militar israelita em Gaza - hoje assinala-se o aniversário do seu início -, que deixou cerca de 1400 palestinianos mortos (estima-se que metade fossem civis) e ainda 13 israelitas (dos quais três eram civis).

Israel justificou a operação militar em Gaza com a necessidade de acabar com o disparo de rockets por combatentes palestinianos a partir de Gaza. O Exército disse, há cerca de um mês, que desde o final da operação, a 18 de Janeiro de 2009, foram disparados cerca de 270 rockets vindos de Gaza, em comparação com mais de 3300 disparados no ano de 2008.

Ainda assim, a ofensiva foi criticada pela desproporção entre o objectivo e a força usada. Tanto Israel como o Hamas são acusados de crimes de guerra por organizações de defesa dos direitos humanos como a Amnistia Internacional.

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