Guitarra, sintetizadores, "samplers", maquinaria, sucata, tintas e algo mais. É deste diálogo entre instrumentos e objectos que se faz a música dos Canal Zero, um trio composto por João Bento, João Bastos e Rodolfo Pimenta. A esse diálogo soma-se outro, entre a música e a imagem, captada em tempo real.

Desde que surgiram, em 2004, a convite do Monstra - Festival de Animação de Lisboa, para musicar filmes do realizador francês Émile Cohl, o pai do cinema de animação, não têm parado, actuando em diversos festivais de cinema e de cruzamentos de diferentes artes e participando em residências artísticas.

Os currículos revelam os interesses multidisciplinares dos três membros do grupo: estudaram e participaram em projectos de áreas como a sonoplastia, o teatro, os novos "media" e o cinema. Este ano, adicionaram um novo ponto ao currículo colectivo: venceram o Concurso de Projectos Artísticos do Serralves Em Festa.

No auditório d'A Moagem, no Fundão, onde já actuaram, apresentarão o seu "Concerto para Maquinaria e Estados Líquidos", integrado no Planshister - Encontros de Criação com Arqueologia Industrial. Numa mesa de luz são colocados materiais como sucata e maquinaria, que são manipulados ao vivo, filmados por duas câmaras de vídeo e projectados na parede. Nada é estanque: os ruídos gerados pelos objectos são integrados na música, através de "samplers". O som, como é habitual nos Canal Zero, deverá andar entre sequências mais próximas do rock, entrecortadas por passagens mais abstractas em que o trio  se ocupa do som enquanto matéria moldável.