Testes de ADN levaram à libertação de um norte-americano preso há 35 anos

Ontem, quando saiu da prisão na Florida, disse à BBC que não está zangado e que a sua fé o ajudou. Foi um longo caminho até ouvir o juiz dizer “Mr. Bain, você é um homem livre”. Já cá fora, falou aos jornalistas. “Agora vou ver a minha mãe”.

Tinha 19 anos quando foi preso, hoje tem 54. Sempre disse estar inocente, por várias formas, e nesta última vez que compareceu em tribunal levava vestida uma t-shirt preta onde se lia, impresso a branco, “not guilty”. Ontem explicou que a mãe, Sarah Reed, de 77 anos, hospitalizada várias vezes nos últimos anos, nunca desistiu. “Sinto-me muito bem por ela, e agora tenho de ir para casa por causa da sua saúde. Ela nunca desistiu, nem eu”. Usou pela primeira vez um telemóvel para lhe contar que estava em liberdade.

Durante o tempo na prisão fez vários planos para o dia em que a sua vida mudasse. Voltar à escola, por exemplo. Mas ontem mal podia esperar para comer uma refeição de galinha frita acompanhada de um copo do tradicional refrigerante Dr. Pepper.

A organização The Innocence Project ajudou a libertá-lo ao defender que fossem feitos testes de ADN e ao promover diversas petições. Era o prisioneiro que estava há mais tempo na prisão dos 246 que, até agora, já foram libertados porque os testes genéticos os ilibaram, o que pode acontecer muitos anos após o crime caso as provas sejam devidamente preservadas.

O resultado dos testes de Bain chegaram na semana passada. Na altura do crime tinha sido identificado pela vítima, que escolhera a sua fotografia de entre várias de pessoas de características idênticas. Não havia os testes de ADN que hoje existem, e os que havia não o ligaram ao crime. Bain nunca se cansou de dizer que, naquele dia e àquela hora, estava a ver televisão com a sua irmã gémea.

No ano passado foi aprovada uma lei na Florida que prevê a indemnização de detidos com 50 mil dólares por cada ano que passaram na prisão, se forem considerados inocentes, o que significa que James Bain receberá 1,75 milhões de dólares para recomeçar a vida. A mãe de Bain disse que irá pôr a casa e um Toyota de 1992 em nome do filho. “Ele sofreu demais. Agora quero que tenha qualquer coisa dele”.

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