Clima: Papa quer revisão profunda do modelo de desenvolvimento

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Bento XVI apelou a comportamentos caracterizados pela sobriedade Chris Helgren/Reuters (arquivo)

E diz ser necessário "reflectir sobre o sentido da economia e dos seus objectivos, para corrigir as suas disfunções e deturpações".

Depois de ter intensificado referências ao tema do ambiente e da ecologia, nas últimas semanas, a propósito da Cimeira de Copenhaga, Bento XVI vem agora defender a responsabilidade da preservação do ambiente, quer em relação às gerações futuras, quer "entre os indivíduos da mesma geração, especialmente nas relações entre os países em vias de desenvolvimento e os países altamente industrializados".

Com o título "Se queres cultivar a paz, preserva a criação", diz Bento XVI que é necessária uma "actividade económica mais respeitadora do ambiente". E escreve: "O desenvolvimento humano integral está intimamente ligado com os deveres que nascem da relação do homem com o ambiente natural, considerado como uma dádiva de Deus para todos, cuja utilização comporta uma responsabilidade comum para com a humanidade inteira, especialmente os pobres e as gerações futuras."

Não é a primeira vez que um Papa liga a questão da paz ao ambiente. Em 1990, João Paulo II dedicou a mensagem do Dia da Paz ao tema "Paz com Deus criador, paz com toda a criação". A teologia cristã vem acentuando, desde há três décadas, a questão do cuidado com a criação. Bento XVI recorda que o seu antecessor previa já que a "exploração inconsiderada da natureza" traria o risco de tornar a humanidade "vítima dessa degradação".

Nesta mensagem, o Papa enumera os problemas ambientais que se verificam. Entre outros, alterações climáticas, desertificação, poluição das águas, perda da biodiversidade, aumento de calamidades naturais, desflorestamento, refugiados ambientais. "Trata-se de um conjunto de questões que têm um impacto profundo no exercício dos direitos humanos, como, por exemplo, o direito à vida, à alimentação, à saúde, ao desenvolvimento", escreve.

As sociedades mais avançadas têm que favorecer também "comportamentos caracterizados pela sobriedade", acrescenta Bento XVI.

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