Organizações ambientalistas com creditações impedidas de entrar na conferência de Copenhaga

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A ONU justificou a anulação das creditações com a capacidade do Bella Center Pawel Kopczynski/Reuters

Centenas de associações ambientalistas, representando a sociedade civil na conferência, viram as suas creditações anuladas pela organização da conferência.

A associação portuguesa Quercus não foi afectada pelo corte de lugares na conferência, uma vez que está integrada na delegação portuguesa em Copenhaga. Apesar disso, considera que a medida “contribui para o descrédito da própria conferência, dado que o acompanhamento, influência, avaliação e construção de soluções, sem representantes de organizações não governamentais, vai contra o espírito das próprias Nações Unidas”, segundo um comunicado.

Cerca de 50 membros da organização Amigos da Terra fizeram um protesto pacífico no átrio do Bella Center. “As pessoas estão escandalizadas com o que está a acontecer aqui”, comentou Andy Atkins, director da organização no Reino Unido, citado pelo jornal “The Guardian”.

Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção Quadro da ONU para as Alterações Climáticas dirigiu-se ao grupo de ambientalistas sentados no chão e explicou que a medida se justifica com a capacidade limitada do Bella Center, ou seja, a 15 mil pessoas. Amanhã apenas mil pessoas da sociedade civil poderão entrar e na sexta-feira esse número será reduzido para as 90.

Mais tarde, a ONU ofereceu 12 lugares na conferência para os Amigos da Terra mas estes declinaram.

De Boer lembrou a chegada de 120 chefes de Estado e de Governo e dos seus seguranças. Foram várias as vozes que lhe chamaram “mentiroso”. Alguns dos delegados consideram esta medida como uma tentativa de silenciar a opinião pública e afastar as vozes críticas dos líderes mundiais.

“Há tantas pessoas a serem excluídas. A sociedade civil está a ser bloqueada, as vozes críticas a serem silenciadas”, disse Nicola Bullard, do movimento Focus on The Global South, citada pelo “The Guardian”.

“Há muita frustração entre a sociedade civil porque as negociações não estão a avançar o suficiente”, apontou Tom Goldtooth, que veio da Bolívia representando a Indigeous Environmental Network, segundo o mesmo jornal.

Esta tarde, quando arrancou o segmento de alto nível da conferência, um grupo de 50 jovens de vários países - mas que se foi reduzindo até serem 17, levados pela polícia – sentou-se no chão do átrio do Bella Center e começou a ler em voz alta o nome dos onze milhões de cidadãos que assinaram uma petição a pedir um “acordo climático justo, ambicioso e vinculativo”. Os jovens fazem parte do movimento It’s Getting Hot in Here.

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