Congresso hondurenho rejeita regresso de Manuel Zelaya ao poder

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Zelaya permanece refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa Edgard Garrido/Reuters

Contrariando as expectativas dos Estados Unidos – que mediaram o acordo entre Zelaya e o Governo interino hondurenho para que o Congresso se pronunciasse – e a forte pressão internacional, 111 dos 125 membros da câmara disseram não ao regresso do chefe de Estado ao poder, num voto que se prolongou noite dentro.

No exterior do edifício centenas de apoiantes de Zelaya, de esquerda, que permanece refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde que conseguiu regressar ao país em Setembro passado, manifestaram-se em protesto.

“Esta decisão ratifica um golpe de Estado e condena as Honduras a continuar a viver na ilegalidade”, acusou já o próprio líder deposto à estação de rádio local Radio Globo. Os soldados, que o obrigaram a deixar o país, enfiando-o de pijama num avião militar para a Costa Rica, na noite de 28 de Junho, ameaçam detê-lo caso saia da embaixada brasileira.

O líder perdera o apoio dos líderes empresariais no país e mesmo dentro do seu próprio partido enfrentava forte contestação pelo que era lido como uma aproximação de Zelaya ao Presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O Tribunal Supremo hondurenho acabou por emitir uma ordem para a sua detenção – acusando-o de violar a Constituição – e o Congresso destitui-o dos poderes presidenciais já depois de Zelaya se encontrar no exílio.

Os analistas lêem neste expressivo voto uma clara vitória para os líderes do golpe e sublinham que o futuro de Zelaya é agora uma incógnita. O Presidente eleito no passado fim-de-semana, Porfirio Lobo, da oposição, tem evitado pronunciar-se sobre a questão e muitos observadores admitem que possa conceder-lhe alguma espécie de amnistia política para arrumar este episódio – e os cinco meses de crise política no país – em definitivo.

“Estou a olhar para o futuro e vocês perguntam-me sobre Zelaya? Zelaya é história, é parte do passado”, afirmou Lobo no dia seguinte ao voto, que estava já marcado antes de ter ocorrido o golpe de Estado.

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