Emissões de dióxido de carbono devem voltar a subir com recuperação económica

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O trânsito é um dos problemas mais difíceis de resolver, segundo Filipe Duarte Santos Pedro Cunha (arquivo)

A subida das emissões de gases com efeito de estufa está já a provocar alterações climáticas “particularmente gravosas” em alguns países e, na cimeira de Copenhaga, que se realiza de 7 a 18 de Dezembro, os participantes vão tentar chegar a um compromisso de redução para o período pós 2012. Até essa data, está em vigor o protocolo de Quioto, através do qual vários países se comprometeram a cortar as emissões de dióxido de carbono e fixaram metas.

Filipe Duarte Santos disse que em 2009 as emissões “não cresceram relativamente a 2008, mas diminuíram por causa da crise económica. Há uma correlação muito forte entre o desenvolvimento económico e o consumo de energia”. Cerca de “80 por cento das fontes primárias de energia a nível mundial são combustíveis fósseis. É o petróleo, o carvão, o gás natural”, acrescentou.

“Este ano, com a crise económica, estima-se que as emissões globais diminuíram em cerca de três por cento. Mas, exceptuando 2009, as emissões têm estado a aumentar. Quando ultrapassarmos a crise económica é provável que continuem a subir”, avançou o professor universitário. Para Filipe Duarte Santos, seria “desejável” encontrar um modelo de desenvolvimento económico e social menos dependente da utilização dos combustíveis fósseis e, logo, das emissões de gases com efeitos de estufa para a atmosfera, principalmente de dióxido de carbono.

Actualmente, já existem sinais de alterações climáticas relacionadas com a subida da temperatura média global e o regime de precipitação que, no entanto, não são uniformes. “Regiões que tinham um clima semi-árido, seco ou mesmo árido, há secas que estão a ser mais prolongadas e mais frequentes. É o caso da região sul da Península Ibérica” que inclui o Alentejo.

Perspectivas “elevadas” de Portugal cumprir Quioto

Filipe Duarte Santos defendeu também que as perspectivas de Portugal cumprir o protocolo de Quioto de redução das emissões de gases poluentes “são elevadas”, mas “vai ser necessário recorrer aos chamados mecanismos de Quioto”.

Os mecanismos de flexibilidade permitem aos países compensar o excesso de emissões através da compra de “créditos” no Fundo de Carbono ou do financiamento de projectos ecológicos em países em desenvolvimento. “No conjunto dos países da União Europeia (UE), não seremos daqueles que estão numa posição mais confortável para cumprir o protocolo de Quioto, mas também não somos daqueles que estão numa posição mais difícil”, referiu, dando o exemplo de Espanha, Irlanda, Dinamarca ou Itália.

Portugal definiu um Plano Nacional para as Alterações Climáticas no âmbito do qual foi feita uma inventariação das emissões nos vários sectores socio-económicos e para cada um foi elaborado um programa de contenção. Filipe Duarte Santos referiu o sector dos transportes como sendo “difícil”, já que todos os cidadãos prezam muito o direito à mobilidade e muitos preferem utilizar o veículo próprio a optar pelos transportes públicos. Neste caso, o consumidor deve estar atento às características do automóvel e adquirir um menos poluente.

No sector energético, há “um desenvolvimento importante das energias renováveis, sobretudo a eólica”, área que recebeu “um investimento muito significativo”. O especialista referiu que as energias renováveis, “em termos de preço, não são ainda competitivas com os combustíveis fósseis”, o que tem como consequência “um encargo adicional” para os consumidores.