Michael Jackson deixa dívidas de 500 milhões de dólares

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A recuperação financeira de Jackson deverá acontecer apenas agora, após a sua morte Megan Lewis/Reuters

Michael Jackson foi um dos artistas Pop mais bem-sucedidos de sempre. Estima-se que terá vendido perto de 750 milhões de discos em toda a carreira, o que se traduziu numa fortuna quase incalculável para o cantor. Só “Thriller”, lançado em 1982, colocou-o no primeiro lugar da lista dos álbuns mais vendidos da história da Pop, com 104 milhões de cópias a saírem das lojas. Nas duas décadas seguintes, Jackson continuou a facturar milhões de dólares com os seus trabalhos e concertos, mas a excentricidade deixou-o praticamente falido.

Não existem números oficiais, mas, segundo fontes próximas do cantor citadas pelo “The Wall Street Journal” no início deste mês, as dívidas de Jackson rondariam os 500 milhões de dólares (358 milhões de euros). Comprador compulsivo assumido de antiguidades e brinquedos, o cantor gastava entre 20 a 30 milhões de dólares (14,3 a 21,5 milhões de euros) acima do que ganhava por ano. Neverland, a famosa propriedade de mais de mil hectares comprada por Jackson em 1988, em Los Olivos, na Califórnia, contribuiu nos últimos anos para agravar esta situação. A manutenção diária do rancho, que incluía uma mansão, um jardim zoológico e um parque diversões, acabou por se revelar insustentável para Jackson que em 2008 acabaria por ver a propriedade ser vendida por cerca de 20 milhões de dólares. Este valor deveria ser para pagar parte das dívidas que o cantor tinha em vários bancos.

Jackson chegou a contrair empréstimos no valor de 200 milhões de dólares (143 milhões de euros) para manter as suas excentricidades diárias. Como garantia, deu os direitos que detinha sobre o catálogo dos Beatles avaliados em mais de mil milhões de dólares (716 milhões de euros). O artista acabaria por refinanciar esses empréstimos para impedir a insolvência do império com o seu nome, mas as dívidas foram-se acumulando.

Já este ano, o cantor decidiu que perto 20 dos seus objectos pessoais fossem leiloados, tendo ficado previsto que fossem vendidos mais outros dois mil artigos em leilões posteriores. Entre as peças vendidas estavam a sua famosa luva branca e o último fato que usou nos “Jackson 5”, grupo que teve com os seus quatro irmãos até à adolescência, bem como móveis e esculturas de Neverland.

Para ajudar a resolver os seus problemas financeiros, Jackson tinha agora preparada uma série de 50 concertos na O2 Arena de Londres, já a partir de 13 de Julho. Os bilhetes para assistir ao regresso do músico aos palcos esgotaram rapidamente. Tudo parecia estar no bom caminho para que o artista norte-americano conseguisse resolver parte dos seus prejuízos, mas com a sua morte, ontem, em Los Angeles, as dívidas vão continuar por pagar.

A AEG Live, companhia que estava a promover os espectáculos, arrisca um prejuízo de cerca de 350 milhões de euros (250,8 milhões de euros) de investimento por causa do cancelamento dos concertos devido à morte do cantor.

A recuperação financeira de Jackson deverá acontecer apenas agora, após a sua morte. A Sony Music Entertainment, que editou os grandes sucessos do cantor, deverá agora relançar os álbuns mais bem sucedidos de Jackson, com edições especiais. A estratégia ainda não foi posta em prática, mas os álbuns do norte-americano voltaram apenas algumas horas após a sua morte a estar entre os mais procurados. A loja online Amazon está a registar vendas surpreendentes da reedição de “Thriller”, que ocupa agora o primeiro lugar no top do site, de “Off the Wall” (1979) e de “Bad” (1987).

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