Jorge Jesus: “Jogadores vão jogar o dobro ou mais do que no ano passado”

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Jorge Jesus foi esta noite apresentado na Luz Carlos Manuel Martins

Há pouco mais de um ano o Benfica tinha apresentado um novo treinador. Quique Flores era espanhol, tinha 43 anos, conhecia mal o futebol português, partia para a sexta época como técnico e destacava-se por ser bem falante. Hoje, na hora de apresentação de Jorge Jesus, percebeu-se que começa um novo ciclo, com um português, de 54 anos, profundo conhecedor do futebol nacional, a começar a 21.ª temporada como treinador e mais conhecido pelos dotes tácticos do que pelo dom da palavra.

E as diferenças não se ficam por aqui. Há um ano, Quique prometeu pouco e colocou a participação na Liga dos Campeões como primeiro objectivo. Jorge Jesus foi completamente diferente. Entrou na Luz cheio de confiança, a fazer lembrar José Mourinho quando chegou ao FC Porto ou ao Chelsea. O ex-treinador do Braga definiu como objectivo ser campeão.

“Vou ser o 63.º treinador. Quero fazer parte da história do Benfica, quero ganhar títulos”, começou por dizer, garantindo que se mudou para a Luz “não por questões económicas”, mas por causa do “projecto desportivo.”

“Vim para o Benfica com a certeza e convicção que vou ser campeão nesta casa. Esta é a minha primeira ideia”, explicou Jesus, que se apresentou envergando uma gravata vermelha.

A segunda ideia forte surgiu um pouco mais tarde, quando o PÚBLICO lhe perguntou o que poderia acrescentar ao plantel do Benfica: “Posso acrescentar o meu conhecimento e as minhas ideias. Tenho a consciência de que o Benfica tem excelentes jogadores em termos individuais. E como faço em todos os clubes por onde passo, os jogadores do Benfica para o ano vão jogar o dobro do que jogaram no ano passado. E o dobro, se calhar, é pouco.”

Uma frase forte e que mostra a super-confiança do novo comandante do Benfica, algo que gerou sorrisos do presidente Luís Filipe Vieira durante a apresentação do homem que assinou contrato por duas épocas e mais uma de opção.

E como vai ser a equipa de Jesus? “Quero um Benfica a jogar dentro de uma filosofia que tem caracterizado as equipas onde tenho trabalhado”, respondeu o técnico.

Jesus foi ainda confrontado com o parco registo de treinadores portugueses no clube, já que apenas Fernando Cabrita, Mário Wilson e Toni se sagraram campeões. “Sei que só três foram campeões, mas também só vou ser o 18.º [campeão]”, disse aquele, escolhido, precisamente porque é português e pelo que tem feito nas últimas épocas, explicou Rui Costa, director desportivo do clube. “Espero que tenha o mesmo crédito que um estrangeiro”, pediu o director desportivo.

Jesus deixou também claro que o plantel do Benfica é o plantel de Rui Costa. Só agora começará a sugerir nomes. Por isso, não quis confirmar se o guarda-redes Eduardo é pretendido, mas garantiu conhecer “muito” dos três reforços já garantidos: Patric e Shaffer e Ramires.

O novo treinador ainda não sabe se poderá contar com Reyes, um jogador de quem o Benfica possui 25 por cento do passe. Rui Costa assegurou que o clube tentará ficar com o espanhol, mas “sem entrar em loucuras.”

Jesus chega à Luz acompanhado por Raul José (“o treinador dos avançados”), Miguel Quaresma (“o treinador dos defesas”) e Mário Monteiro (“o chamado preparador físico”), ao que serão acrescentados mais dois elementos. Não quis confirmar se serão Chalana e Diamantino, dois adjuntos marginalizados por Flores. Certo é que Jesus, “confiante e orgulhoso”, está “desejoso de um Benfica forte.” Todos sabem como acabou a história de Mourinho e de Quique. Agora falta saber como terminará a odisseia de Jesus.

Notícia actualizada às 22h58
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