Diana Krall

São poucos os que não reconhecem o enorme talento e personalidade da canadiana Diana Krall. Um talento que não a impede, no entanto, de arriscar um intrigante "toca-e-foge" entre o jazz e sonoridades mais suaves e abrangentes como a pop, a bossa nova ou o "easy listening", em alguns casos a roçar uma estética de gosto duvidoso.

Neste registo, sucessor de "From This Moment On" de 2006, Krall faz-se acompanhar pelos arranjos ultra-sedosos de Claus Ogerman que, embora de inegável eficácia, arrastam a música para as profundezas do "easy listening", tornando difícil, se não impossível, a identificação da matriz jazz da cantora. Ao quarto tema já não ouvimos o disco, envolvidos na teia narcótica de cordas tecida por Ogerman, e as músicas sucedem-se numa sequência monótona quebrada apenas pela voz lindíssima de Krall. Nem mesmo o piano, instrumento em que a cantora revelou alguma chama em registos anteriores, consegue quebrar o feitiço.

Ogerman, famoso pelas suas colaborações com António Carlos Jobim, João Gilberto ou Frank Sinatra, revela-se apenas um erro de "casting" (ou não, dependendo do ponto de vista) do qual o principal responsável é Tommy LiPuma, produtor piroso e "chairman" do Verve Music Group. Verdadeiramente embaraçosa é a versão de "Esse seu olhar", cantada em brasileiro macarrónico por Krall, deixando-nos curiosos por saber o que achará Elvis Costello, seu marido, destas suas andanças.

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