Kenzo leiloa espólio de arte asiática no valor de dois milhões de euros

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Na moradia, até as árvores e as pedras são importadas do Japão REUTERS/Gonzalo Fuentes

Leilão na Drouot Montaigne (Paris) entre 16 e 17 de Junho

Depois dos leilões dos espólios de Yves Saint Laurent e Gianni Versace, ambos já falecidos, é a vez do japonês Kenzo Takada se desfazer da sua colecção de arte asiática, mobiliário e roupa. Mas as semelhanças entre estes leilões de bens de criadores de moda acabam aqui.

Kenzo, que recebeu os jornalistas na sua moradia de luxo de Paris, da qual também se irá desfazer, diz que o leilão dos seus objectos coligidos ao longo de duas décadas nessa casa se deve a uma mudança que quer fazer em vida. "Quero virar uma página e viver de forma diferente, mais livre, mais leve", explica, dizendo que não se considera um "coleccionador".

Na moradia, até as árvores e as pedras são importadas do Japão e o espólio que vai a leilão na Drouot Montaigne (Paris) entre 16 e 17 de Junho poderá atingir valores entre 1,5 e dois milhões de euros. Entre as peças mais valiosas e raras está um cavalo de madeira chinês que remonta à época da dinastia Han (cerca de 100 DC), estatuetas fúnebres chinesas datadas de 500 a 300 AC. Valem, respectivamente, cem mil e entre 30 mil e 60 mil euros. Há também uma estatueta tailandesa do século VII-IX de 600 gramas em ouro maciço (valerá entre 60 mil e cem mil euros), estatuetas de damas da corte da era Tang (15 mil a 20 mil euros), esculturas khmer (Cambodja), raras lacas Negoro (loiças dos monges zen, que valem entre 15 mil e 20 mil euros por peça), estatuetas dos nativos americanos e outras pequenas peças cuja base de licitação rondará as centenas de euros. E não podia faltar vestuário num leilão do espólio de um criador de moda - é aqui que entra a colecção de antigos kimonos de Kenzo. No total, 1300 peças serão postas à venda e o comissário da leiloeira, Claude Aguttes, descodifica que este leilão "não pode ser comparado com [o da] colecção Saint Laurent/Bergé, que era sobretudo europeia e clássica" - embora a venda de duas antigas esculturas de bronze chinesas do lote do criador francês tenha desencadeado uma disputa diplomática entre China e França. Kenzo vai desfazer-se da moradia para a qual foi viver em 1989 e passará a viver no apartamento de 250 m2 de Paris, com vista para o Sena.

Kenzo Takada começou a destacar-se na moda na década de 1970 e retirou-se em 1999. Cinco anos antes, a sua marca foi vendida ao gigante do luxo LVMH.

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