POSITIVO & NEGATIVO

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Bayern Munique
Quando o Sporting saiu no sorteio, houve festejos em Munique. Mas ninguém esperava que fosse tão fácil. A equipa que há um ano foi eliminada pelo Getafe na Taça UEFA passeou rumo aos quartos-de-final da Champions. E vai mal habituada.

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Paulo Bento
Claro que tem culpa. No primeiro e no segundo jogo. Ontem, colocou demasiados jovens (sete) num jogo que exigia experiência. E voltou a falhar. Redondamente. É a pior derrota de sempre do Sporting na Europa.
Polga
Polga fez um hat-trick. Esteve na assistência para os dois primeiros golos. Isso já é muito. E ainda esteve no terceiro, tudo na baliza errada. O central brasileiro foi o que mais acusou a pressão.


Notícia actualizada às 23h11 e 23h31

Ninguém faltou à festa do Bayern de Munique, nem o Sporting

Foto
Lukas Podolski remata para um dos dois golos que marcou ao Sporting em Munique Michael Dalder/Reuters

Quando o árbitro Martin Hansson apitou para o final, foi um alívio para todos. Para o Bayern, que já mostrava alguma piedade pelo adversário (muitos já tinham saído e não viram, pelo menos os últimos golos), e para o Sporting, já que cada minuto que passava parecia servir apenas para antecipar mais miséria. Os 7-1 de boa memória para os sportinguistas (goleada ao Benfica em 1986) viraram, agora, maldição. Os “leões” saíram humilhados com requintes de malvadez da Alemanha. O resultado até foi escasso. E isso diz tudo.

Se dúvidas houvesse, o golo madrugador de Podolski deitou por terra qualquer hipótese de uma reviravolta na Alemanha, semelhante à que, em 1964, o Sporting conseguiu sobre o Manchester United (depois de uma derrota por 4-1 em Old Trafford, os “leões” venceram 5-0 em Alvalade e conquistariam a Taça das Taças). Bom, o golo do avançado polaco-alemão, um grande tiro de pé esquerdo de fora da área e sem hipótese para Rui Patrício, mostrou que o Bayern não cedeu o Allianz Arena para passar tempo. E o resto foi uma grande festa dos bávaros, com Polga no centro da animação.

O defesa central assistiu o primeiro e o segundo golos e, não satisfeito, ainda meteu a bola dentro da própria baliza no terceiro golo. Erros a mais do brasileiro e de um colectivo desejoso que a festa acabasse. Mas o tempo correu de maneira diferente para as duas equipas: os bávaros foram divertir-se; os sportinguistas só desejavam apressar o cronómetro e sair da Alemanha o mais rápido possível.

Tirando um ou outro rasgo, quase sempre pelo lado esquerdo, o Sporting não assustou. Nada. Vukcevic e Veloso foram impotentes para importunar o ex-guarda-redes do Benfica, Butt. E depois, só deu Bayern. Bento colocou demasiado jovens para uma eliminatória já de sim complicada: sete jogadores na casa dos vinte anos (Rui Patrício, Pereirinha, Veloso, Pereirinha, Djaló, Vukcevic e Moutinho). No segundo tempo, emendou a mão, mas já era tarde demais.

O golo de Moutinho nem se notou. Os sportinguistas não festejaram (não havia como) e, logo a seguir, o Bayern apontou o quarto. Foi um golão do “capitão”, mas foi demasiado pouco para o “leão”, que já entrara moribundo na Arena. Veloso, que na véspera fizera queixinhas, não aproveitou a hipótese (a última?) concedida por Bento e saiu ao intervalo; Pereirinha também, mas para dar mais maturidade à equipa. Com Abel (passou Pedro Silva para a esquerda) e Izmailov, os sportinguistas ganharam mais consistência.

Tentar não perder por muitos

O Bayern também mexeu. Lúcio e Zé Roberto foram descansar, entraram Breno e Sosa, segundas escolhas de Klinsmann. Schweinsteiger também saiu aos 71’ — entrou Muller, autor do 7-1. A festa prosseguiu e os alemães marcaram mais e mais. Quando, a perder por 5-1, um treinador coloca mais um defesa, está tudo dito: entrou Caneira, para o lugar de Adrien. Para não sofrer mais. Mas só o apito final impediu mais golos.

Foram goleadas a mais: Bayern (0-5 e 1-7) e Barcelona (2-5). Doze golos em dois jogos com os bávaros, o pior de sempre de uma equipa portuguesa, uma festa para os alemães e uma lição para os portugueses. Nunca os “leões” tinham conseguido qualificar-se para os oitavos-de-final mas, a ser assim, não vão querer mais.

Juergen Klinsmann jogou com o pseudónimo Jay Goppingen quando pensou desistir da carreira futebolística. No Estados Unidos, onde foi trabalhar na área do marketing, alinhou em vários encontros pelo Orange County Blue Star e encontrou um nome em homenagem à sua cidade natal. Mas decidiu voltar a usar o Klinsmann quando foi convidado, em Julho de 2004, para assumir o cargo de seleccionador da Alemanha. Aí, derrotou Portugal no Mundial 2006 e venceu a disputa para o terceiro lugar. Ontem, à frente do Bayern, fez o que sempre fez às equipas portuguesas: venceu.

As únicas conquistas que tem na carreira foram sempre à custa dos portugueses — Sporting, quando conquistou pelo Inter a Taça UEFA, em 1991; Benfica, quando venceu o mesmo troféu, em 1996. Ontem, contudo, foi rei como nunca tinha sido, às custas de uma equipa que parecia amadora ao pé do Bayern e que ao intervalo já perdia por 4-1. Tudo sem forçar o ritmo e sem os principais jogadores (Ribéry, Luca Toni, Haltintop). Foi um passeio à chuva.

Ficha do jogo

Estádio Allianz Arena, em Munique


Assistência

Cerca de 65.000 espectadores

Bayern Munique

Butt 6; Lell 6, Van Buyten 6, Lúcio 6 (Breno 6, 46’), Lahm 6; Schweinsteiger 7 (Muller 7, 72’), Ottl 7, Van Bommel 7, Zé Roberto 6 (Sosa 6, 46’); Klose 7, Podolski 8

Sporting

Rui Patrício 4; Pedro Silva 3, Tonel 4, Polga 2, Miguel Veloso 3 (Abel 4, 46’); Pereirinha 4 (Izmailov 5, 46’), Adrien Silva 4 (Caneira -, 74’), João Moutinho 5, Derlei 5; Djaló 4, Vukcevic 5.

Árbitro

Martin Hansson 6, da Suécia

Amarelos

João Moutinho (18’) e Pedro Silva (77’)

Golos

1-0, por Podolski, aos 7’; 2-0, por Podolski, aos 34’; 3-0, por Polga (p.b.), aos 39’; 3-1, por João Moutinho, aos 42’; 4-1, por Schweinsteiger, aos 43’; 5-1, por Van Bommel, aos 74’; 6-1, por Klose (g.p.), aos 82’; 7-1, por Muller, aos 90’

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